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Ideologia: consciência humana (II)

Miguel Debiasi

Nesta reflexão, retomo a noção de ideologia referida no artigo anterior. Para relembrar o tema de forma breve, todo ser humano expressa em suas ideias e atos uma ideologia. A fim de melhor compreensão, lembrou-se de históricas ideologias que nutriram o processo de civilização. Este artigo centra-se no contexto moderno em que a ideologia pode vir a ser a grande sementeira de alienação a aumentar colheitas sob o sabor da ampla liberdade subjetiva e de interesses grupais.

É incontroverso que na condição de ampla liberdade humana compõem-se resultados e frutos na vida social, cultural, política, etc. A liberdade de escolhas amplamente subjetivas é um elemento positivo para a civilização humana. Em contrapartida, quando não há esclarecimentos suficientes, tutela pensamentos e manifestações que se distanciam de níveis mais altos de consciência humana. Isto é, são escolhas que dão suporte à cultura que revela a racionalidade mais simples; em geral não se aproxima de um contato mais profundo com a realidade e a essência humana. O filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831), criador do sistema idealismo absoluto, abordou a ideologia como uma separação da consciência em relação a si mesma. Neste modelo hegeliano, o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) estabeleceu diferentes usos da ideologia. Um conceito e uso de ideologia como sendo motivo da alienação do homem. Em outro conceito e uso da ideologia, sendo uma estrutura de representações que compõem a consciência. Para Marx a ideologia tem poder de mascarar a realidade. Isto é, alienar a consciência. Muitos teóricos contemporâneos aprovam este raciocínio e consideram a ideologia incapaz de compreender a realidade. Entre os quais, o sociólogo contemporâneo John B. Thompson (1951) diz que a ideologia concentra-se no aspecto das relações de dominação. É capaz de manter um domínio social, mascarar realidades, alienar liberdade e alimentar interesses.

Ademais, na compreensão da complexa realidade contemporânea é preciso saber que neste contexto existem muitas ideologias. No caso, são de natureza política, religiosa, econômica, jurídica, etc. No aspecto político nacional basta mirar na direção do Congresso Nacional e ficar atento às votações da Câmara dos Deputados e Senado Federal, onde há um verdadeiro cenário de interesses grupais com consequências desastrosas à nação brasileira. Contra tais interesses a ideologia positiva, constituída de ideais primordiais, precisa mostrar capacidade de contribuir com o crescimento da liberdade e da consciência, de luta pelo bem comum, coletivo e de justiça social.

 

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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