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Identidade e relevância

Miguel Debiasi

Quando alguém sai do âmbito social, moral, ético, cultural, diz-se que perdeu a sua identidade. A identidade é espelho habitual de uma sociedade. Como é evidente, em sociedade de classe, a identificação com as demandas e interesses da sociedade constrói identidades. A um desconhecido pergunta-se pela sua pátria, nome, etc. No estranhamento busca-se conhecer a identidade. Definitivamente, a identidade se relaciona a todos. Em virtude de melhor identidade pessoal e coletiva, superar os distanciamentos sociais e culturais é tarefa de todos.

Falando mais concretamente, em sociedade de milhões de pessoas a margem de dignas condições, ocorre a diminuição da identidade de todos. E mais, em situações de proliferação do ódio, racismo e preconceito racial manifesta-se a tentativa de banir a povos diferentes a própria identidade. Em iguais consequências, a falta de solidariedade com o outro impõe uma crise de identidade. Da mesma forma, uma sociedade que leva a comparar pátria, nacionalidade, etnias, raças, revela uma situação de classificação de identidade.

Por tudo isso, enquanto a identidade só é incerta e discutível para discernimento no âmbito social, de nacionalidade, leva a perguntar sobre a existência e a relevância do outro. Ao negar a identidade do outro, pergunta-se pelo próprio sentido do ser. A recusa do diferente diminui a própria identidade. Mas a acolhida ao diferente é também afirmação da identidade de todo ser humano. E o mesmo pode-se dizer quando alguém sai do círculo daqueles que lhe são concordes na comunidade e vai para o anonimato, a condição de crise de identidade é inevitável. No caso do pobre nesta condição, todos os espaços sociais prolongam a sua crise de identidade. Por tudo isto, somente a solidariedade pode reinseri-lo numa condição de relevância na sociedade e restituir sua identidade.

A identidade só é compreendida quando há identificação de pertença. Ao contrário, no excluído, foi negada a sua identidade de pessoa e de todos da sociedade. Para reverter a negação basta o gesto da solidariedade, a identificação relevante do outro e dos outros. O termo identidade, do latim Identitas, quer dizer “a mesma coisa” ou “o mesmo”. As identidades se fundem em todos. Quando pessoas encontram contestação, resistência e oposição com sua presença é aí que se revela a crise da identidade pessoal e coletiva. Que essas reflexões possam influenciar maneiras de assegurar a identidade de tantas pessoas que estão fora do rol da dignidade e fazem referência a relevância da grandeza da identidade coletiva. 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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