Rio Grande do Sul terá pesquisa inédita sobre avanço do coronavírus
Baixar ÁudioEstudo mobiliza rede de universidades federais e será replicado em todo país no combate ao Covid-19
Uma Iniciativa do governo do Estado vai estimar, com base científica, o percentual da população gaúcha infectada pela Covid-19 e o ritmo de avanço da pandemia no Rio Grande do Sul. É um estudo inédito, a partir de amostragens epidemiológicas sequenciais, e que permitirá identificar a prevalência da doença por regiões, o contingente de pessoas atingidas pelo novo coronavírus, mas que não apresentam sintomas e projetar incidência de casos mais graves e até o grau de letalidade da doença.
Quando os primeiros resultados surgirem, o estudo será uma das principais referências ao governo gaúcho na definição de estratégias de enfrentamento da pandemia.
O trabalho de epidemiologia da Covid-19 tem a coordenação do reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Curi Hallal, e mobiliza um grupo de especialistas de outras quatro universidades federais do RS. A ideia surgiu nas discussões internas do Comitê de Análise de Dados sobre a pandemia, instituído há poucos dias pelo governador Eduardo Leite, e que tem no comando a titular da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), Leany Lemos.
Ouça AQUI a entrevista completa com a secretária.
O Comitê reúne pesquisadores do Departamento de Economia e Estatística (DEE/Seplag), técnicos da própria secretaria e de outros setores do governo, além de colaboradores externos, em particular das principais universidades e hospitais.
Pesquisa de campo
A primeira rodada de aplicação dos testes por amostragem deve ocorrer nos próximos dias, tão logo cheguem ao Estado os kits disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Conforme detalhou o reitor da UFPel, serão 4.500 coletas a cada uma das quatro pesquisas de campo prevista pelo estudo (com intervalo de duas semanas entre cada uma delas).
Doutor em Epidemiologia, Hallal observou que o perfil do trabalho permitirá conhecer os primeiros resultados sobre a prevalência da Covid-19 na população dois dias após a aplicação dos testes. "Ao conhecermos a proporção de infectados e a velocidade de expansão da doença, poderemos recomendar estratégias para os serviços de saúde baseadas em dados reais, da nossa própria população. É algo que todos os governos, locais, regionais e nacionais precisam nesse momento. O RS servirá de exemplo para outras regiões, certamente", destacou o reitor.
Além de confirmar a liberação extra de 20 mil testes para viabilizar a pesquisa no RS, o Ministério da Saúde pretende levar a experiência inédita para outros Estados. A pesquisa reúne também equipes das Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
Diante da impossibilidade material de testar a população em geral (atualmente o diagnósticos são realizados em casos de internação), o estudo de prevalência da doença é um mecanismo seguro para estimar o percentual de infectados a partir de testes em pessoas selecionadas.
Ao mesmo tempo, permitirá com maior grau de acerto estimar a taxa de letalidade da Covid-19, o que certamente será determinante nas próximas decisões sobre o confinamento ou não ao longo das próximas semanas. Até o momento, o RS registra oficialmente 241 casos confirmados pelo último boletim da Secretaria Estadual da Saúde, com três óbitos por conta do coronavírus.
A PESQUISA
Epidemiologia da Covid-19 no Rio Grande do Sul: estudo de base populacional e validação de testes diagnósticos
Objetivos principais
• Estimar o percentual de pessoas infectadas no RS através de inquéritos epidemiológicos sequenciais
• Conhecer a evolução (velocidade) que o coronavírus vem se alastrando
• Identificar o percentual da população que é assintomática (não manifesta sintomas da doença)
• Auxiliar o governo do Estado e demais organismos na definição das estratégias de enfrentamento da pandemia de Covid-19
Regiões onde será aplicada
A partir de critérios do perfil populacional (IBGE), a pesquisa de campo será em oito regiões intermediárias:
• Pelotas
• Santa Maria
• Uruguaiana
• Ijuí
• Passo Fundo
• Caxias do Sul
• Santa Cruz do Sul/Lajeado
• Grande Porto Alegre.
Quantos testes serão aplicados
• Serão 18 mil testes, divididos em quatro rodadas a serem implementadas com intervalo de duas semanas, com coletas nas residências. A cada etapa, novas pessoas serão diagnosticadas.
O estudo já conta com o apoio de parceiros privados: Unimed Porto Alegre (inquérito 1) e Instituto Floresta, também da capital, para a segunda rodada de testes.
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