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"O contingente de médicos cubanos faz a diferença"

por Isadora Helena Martins

Representante da Frente Nacional de Prefeitos afirma que a entidade está preocupada com a saída de cubanos do programa Mais Médicos

Foto: Agência Brasil

Caxias do Sul pode perder sete cubanos que atendem pelo Programa Mais Médicos. Atualmente, eles trabalham em sete unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF): Belo Horizonte, Fátima Baixa, Desvio Rizzo, Salgado Filho, Esplanada, Tijuca e Campos da Serra.

No total, 22 médicos de diferentes países atuam pelo programa, em Caxias. A Secretaria Municipal de Saúde aponta que ainda não foi notificada sobre a saída dos cubanos e que, por isso, os profissionais deverão seguir trabalhando normalmente até a oficialização do fim do contrato.

Na quarta-feira (14), o presidente eleito Jair Bolsonaro informou que o governo cubano decidiu deixar o programa por não concordar com a exigência de revalidação do diploma. Já o Ministério de Saúde Pública de Cuba afirmou ter tomado a decisão por conta de “declarações ameaçadoras e depreciativas” de Bolsonaro. Em agosto, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro declarou que “expulsaria” os médicos cubanos do Brasil.

De acordo com a Frente Nacional de Prefeitos, o Mais Médicos tem cerca de 16 mil profissionais, em todo o país. Cerca de 8.500 são cubanos. O vice-presidente de saúde da entidade, Beto Preto, afirma que a saída dos profissionais pode trazer prejuízo à população. “O grande contingente que faz a diferença é o de médicos cubanos e até agora eles nos serviram muito bem. Independentemente de como é pago ou quais as condições desse contrato da OPAS ou do governo de Cuba, o importante é que o atendimento à saúde dos nossos brasileiros tem sido auxiliado pelos médicos cubanos”, destaca.

A cooperação técnica entre a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e os governos de Brasil e Cuba prevê salário de R$ 11.520 para cada profissional. De acordo com informações do Ministério da Saúde do Brasil, o governo cubano fica com 70% do valor; os médicos recebem R$3.456,00.

O vice-presidente da FNP diz ainda que a procura dos médicos brasileiros pelo programa não é suficiente. “Esse é o cerne da questão porque, desde o início do programa, esse chamamento é feito inicialmente aos médicos brasileiros, mas a procura é baixa. Não adianta você falar que vai contratar os brasileiros se eles não quiserem partilhar desse princípio de estar em locais mais distantes”.

Ouça a entrevista completa no link abaixo da foto.

De acordo com a FNP, 3.228 (79,5%) municípios brasileiros só têm médico pelo programa e 90% dos atendimentos da população indígena são feitos por profissionais de Cuba. Os médicos contratados do programa trabalham na atenção primária e na prevenção de doenças com a intenção de reduzir a demanda por atendimentos nas redes de média e alta complexidade.

“É importante que possamos pensar na continuidade do programa com auxílio e operação financeira direta por parte do Governo Federal. A ideologia político-partidária não pode ser a razão dessa discussão, mas sim a atenção à saúde dos brasileiros. O que não pode acontecer em hipótese nenhuma é a transferência de responsabilidade do Governo Federal para os municípios porque já estão no gargalo dos gastos”, afirma Preto.

Ainda de acordo com dados da FNP, 40 países participam do programa.

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