Com a queda gradativa dos casos de COVID-19, um novo e grave problema de saúde pública será enfrentado no Brasil e América Latina: o aumento da incidência e óbitos por câncer, não apenas pelo surgimento de novos casos, mas especialmente pelo atraso no diagnóstico e tratamento provocado pela pandemia. Dados revisados pelo LACOG (Latin American Cooperative Oncology Group) apontam que o controle da doença estará comprometido pelos próximos 5 a 10 anos. Além disso, o próprio tratamento pode ficar mais caro e difícil porque os casos serão diagnosticados em situação mais avançada pela diminuição do diagnóstico precoce.

No Brasil, por exemplo, houve redução de 58% a 80% de mamografias de rastreamento e de 40% de cirurgias de mama durante a pandemia. Estudo publicado pela revista britânica “The Lancet Oncology” no final de 2021 informa que foram 1,4 milhão de novos casos e 600 mil mortes pela doença na América Latina só em 2020. Atraso no diagnóstico, restrições de atendimento, falta de local para atendimento, isolamento social e adiamento de consultas, tratamentos e cirurgias estão entre as causas.

O oncologista Dr. Carlos Barrios, integrante do Grupo Oncoclínicas e cofundador do LACOG, falou sobre o assunto em entrevista ao programa Temática na manhã desta sexta-feira, 8 de abril - Dia Mundial de Combate ao Câncer.

Confira a entrevista na íntegra (acima em áudio).

A saber: o câncer já é a principal causa de morte em mais de 500 municípios brasileiros e as projeções antes da pandemia indicavam que iria superar doenças cardiovasculares e se tornar a maior causa de óbitos do país até 2030.