Doação de órgãos é recorde no Brasil
De janeiro a junho de 2016, país registrou 1.438 doadores, 7,4% a mais do que no mesmo período de 2015
Foto: Divulgação/CR
No primeiro semestre deste ano, o país bateu recorde, com 1.438 doadores de órgãos, 7,4% a mais que no mesmo período em 2015. Essas doações possibilitaram a realização de 12.091 transplantes entre janeiro e julho, fazendo com que crescessem os procedimentos de órgãos mais complexos, como pulmão, fígado e coração, que registraram aumento de 31%, 6% e 7%, respectivamente, em relação ao mesmo período no ano passado. Com o número recorde de doadores, o Brasil está muito perto da meta, que é 14,4 doadores por milhão de população (pmp). O índice atual é 14 pmp.
Visando estimular cada vez mais a população a ser doadora, o Ministério da Saúde dá início à campanha nacional de doação de órgãos 2016, que tem como slogan: “Viver é uma grande conquista. Ajude mais pessoas a serem vencedoras”. Embora o país tenha avançado muito nos últimos anos, a taxa de aceitação familiar foi de 56% nesse primeiro semestre. Portanto, quase metade das famílias brasileiras ainda rejeita a doação de órgãos de um parente com diagnóstico de morte encefálica. Mesmo assim, o Brasil possui a menor taxa de recusa familiar entre os quatro maiores países transplantadores da América do Sul: Argentina (49%), Uruguai (47%) e Chile (52%).
“Um dos nossos principais desafios atualmente é diminuir a taxa de recusas familiares à doação de órgãos. A família brasileira é tipicamente solidária e precisa ser bem informada e acolhida em momentos dolorosos, como a perda de um ente querido”, observa o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo.
“É preciso mostrar que essa perda pode significar a vida de outra pessoa e, por isso, estamos empenhando todos os esforços necessários para capacitar os profissionais responsáveis pela entrevista familiar em busca da autorização para doação de órgãos, de modo a esclarecer todas as dúvidas e reduzir as taxas de recusa”, destacou.
RS - Só no Rio Grande do Sul foram realizados no primeiro semestre deste ano 830 transplantes, resultado dos 142 doadores identificados na região, gerando o índice de 12,6 doadores por milhão de população. Segundo dados da Central de Transplantes do estado, atualizada em 9 de setembro, 1.136 pessoas aguardam em lista de espera por algum tipo de órgão no RS. Destas, 820 aguardam por um doador de rim, 170 por um doador de fígado, 82 por pulmão, 17 por córnea, 21 por coração, 15 por transplante de rim e pâncreas, três por pâncreas e oito por fígado mais rim.
Bando de medula óssea cresce
Com mais de 4 milhões de doadores cadastrados, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público do planeta. Anualmente, são incluídos mais de 300 mil novos doadores no cadastro. O registro americano conta com quase 7,9 milhões e o alemão, com 6,2 milhões, mas ambos foram desenvolvidos e são mantidos com recursos primordialmente privados.
Atualmente, a busca por doadores para pacientes brasileiros é realizada simultaneamente no Brasil e no exterior. Os bancos internacionais também acessam os dados dos candidatos a doadores a partir de sistemas especializados.
O registro brasileiro foi o que mais cresceu na última década. A chance de se identificar um doador compatível no Brasil, na fase preliminar da busca, é de até 88%; ao final do processo, 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado.
Em 2005, havia 134.781 doadores cadastrados no Redome, com o registro de 94 transplantes não aparentados de medula. Hoje, são 4.104.287 doadores cadastrado. No ano passado foram registrados 299 transplantes não aparentados de medula. Este ano, entre janeiro e agosto, o registro brasileiro já realizou 254 transplantes desse tipo.
Saiba mais
- Existem dois tipos de doares, o doador vivo e doador com morte encefálica.
- No caso de um doador falecido, o transplante somente ocorre com a autorização documentada de um familiar. Por isso, é fundamental que a família saiba sobre o desejo do doador. Podem ser doados por um doador falecido rim, coração, pulmão, fígado, pâncreas e tecidos como córnea, pele e ossos.
- No caso de doador vivo, qualquer pessoa saudável pode doar um dos rins, parte do fígado, medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até 4º grau e cônjuges podem ser doadores. Em caso de não-parentes, somente com autorização judicial.
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