Subsídios Exegéticos Para A Liturgia Dominical Ano A
Subsídios Exegéticos Para A Liturgia Dominical
Ano A
13º Domingo do Tempo Comum
Evangelho: Mt 16,13-19
Primeira Leitura: At 12,1-11
Segunda Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Salmo: 34,2-9 (R.5
Do contexto para a escuta.
O Evangelho segundo a comunidade de Mateus tem como contexto a destruição de Jerusalém em 70 d.C. As pessoas judaico-cristãs que formavam esta comunidade tinham um carinho muito grande por Jerusalém. Lucas nos conta que estas comunidades frequentavam o Templo (At 2,46). Nesta parte do Evangelho (14,1-20,34) Jesus e sua comunidade apostólica vão por última vez – antes da crucifixão – para a Galileia e empreendem a viagem definitiva para Jerusalém. É uma parte do Evangelho carregada de sentimentos e de fé, porque a comunidade embarca junto com Jesus para sua última jornada, a jornada. Na lembrança destas comunidades há de muitas outras pessoas, inclusive Pedro, que já tinham sido mártires da fé quando a narrativa foi escrita.
Da escuta para a reflexão.
Mt 16,13-19 possivelmente usou como fonte o Evangelho segundo a comunidade de Marcos (8,27-30), ou um texto (logia) em comum. Não apenas copiou, mas o carregou de emoção e propósito missionário! Vejamos as diferenças.
A comunidade de Mateus acrescenta, já na pergunta de Jesus, o primeiro título: “uion tou antropou” (Mt 16.13b). Joaquim Jeremias observa que esta denominação nunca apareceu em nenhuma confissão de fé. Apenas aparece dita pelo próprio Jesus, por isso, deve ter sido uma expressão original dele, em aramaico, “bar ‘enasha”. No entanto, é apresentada em terceira pessoa. A expressão tem suas origens nos escritos apocalípticos do judaísmo, como em Daniel (7,13;8,17). Jesus – em sua identidade messiânica - comunga com a humanidade sofrida, com a comunidade perseguida e martirizada, sendo Filho da Humanidade, projetando-a para a vitória escatológica do Reinado dos Céus.
Na resposta da comunidade está a inclusão do profeta Jeremias, que é certamente, o mais sofrido de todos os profetas. Ele chega a maldizer o dia do seu nascimento (Jr 20,14), sem deixar de anunciar a vontade divina (Jr 4,19). Jesus, era portador da herança de todos eles. Mas a resposta definitiva é “o Cristo”. Também aqui a comunidade de Mateus vai além do original de Marcos colocando: “Filho do Deus Vivo”! Tata-se de uma confissão própria da comunidade de Mateus, que regata, Os 2,1: “filhos do Deus vivo” (uioi Theou zontos) – na versão grega dos LXX - como proclamação do novo Israel. O Jesus apresentado na confissão de fé pronunciada por Pedro é o Cristo que gera em si uma nova humanidade, de filhas e filhos do Deus Vivo. Da mesma forma, quando Pedro é chamado bem-aventurado (makarios) representa todas as pessoas das bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e quando é qualificado como a “pedra/rocha” sobre a qual a Igreja (assembleia/eclesia) é edificada, manifesta o sentido missionário da igreja como geradora de nova humanidade para todas as pessoas, que vence a morte/inferno/submundo.
Relacionando com os outros textos
Pedro, que é portador desta nova visão de Jesus junto com a Igreja, também aparece em Atos 12,1-12 testemunhando que nenhum governante repressor (Herodes Antipas) poderá impedir a ação do Deus Libertador. Depois de libertado vai em busca da comunidade reunida e ali celebra a vitória sobre o poder da violência e da morte (At 12,9-12). Isso vale para o resumo do labor missionário do apóstolo Paulo em 2 Tm 4,6-8.17-18, onde reconhece que ele não o portador desta graça, mas instrumento, para que a presença de Deus seja reconhecida por todo povo.
Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF
Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló
Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno
ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCNA
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