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Subsidio para a Liturgia do domingo 10 de outubro

por João Romanini

28º Domingo do Tempo Comum

Foto: Divulgação

Subsidio para a Liturgia dominical - ano b

 

28º Dom. T. Comum 

Dia: 10 de outubro de 2021

Primeira Leitura: Sb 7,7-11

Salmo: 89, 12-13.14-15.16-17

Segunda Leitura: Hb 4,12-13

Evangelho: Mc 10,17-30

 

O Evangelho

A seção consiste em três partes: a história do encontro com o homem rico (vv. 17-22) a admoestação aos discípulos (vv. 23-27) e o episódio que introduz o tema da recompensa do/a discípulo/a (vv. 28-30).

Pode ser surpreendente que apenas na última frase este homem seja apresentado como rico. Sem a riqueza e sem o problema da propriedade terrestre em segundo plano, a narrativa permaneceria apagada. Os mandamentos citados derivam da segunda tábua, portanto, eles se referem à relação com o próximo. O pedido de renúncia à propriedade terrena é sentido precisamente neste contexto. O fato de que tal pedido chegue surpreendentemente se enquadra nos efeitos do conjunto do texto. O v. 21 contém um convite para o seguimento e aproxima a perícope dos relatos de vocação.

O texto do treinamento dos discípulos (vv. 23-27) não é uma unidade. O desânimo dos discípulos é repetido (v. 24a e v. 26), assim também para o loghion ameaçador de Jesus sobre entrar no reino de Deus (v. 23 e v. 24b). No entanto, v. 24b estende a todos as dificuldades existentes para os ricos. O desânimo dos discípulos no v. 26 foi acentuado em comparação com v. 24. Isso se tornou necessário para a dramaticidade da cena. O interesse no grupo de discípulos na graça onipotente de Deus (cf. 9,23) é próprio de Mc.

Nos vv. 23 e 25 o caso do rico é referido a todos, pois todos são advertidos dos riscos da propriedade. Do ponto de vista narrativo, a perícope do homem rico é um tanto estranha. É caracterizada por uma descrição minuciosa atraente (derivada do uso de particípios). Há aqui seis palavras que Mc não usa em outro lugar: klēronomeō, apostereō, thēsauros, deuro, stygnazō, ktēma. Elas se sucedem uma à outra com vivacidade de perguntas e respostas. O texto mostra duas reações do homem: uma provisória, que o faz aparecer sob melhor luz; outra definitiva, que o torna um exemplo negativo.

Nos vv. 20-21 vem relatado que o homem já sabia o que escuta agora de Jesus. Ele pode ficar satisfeito em ter observado os mandamentos indicados (diferentemente em Mt 19,20). O olhar e o gesto amoroso de Jesus preparam o que se segue. Não um reconhecimento do que o homem “fez”, mas um convite. Vender tudo o que possui para dar aos pobres expressa demanda radicalmente nova e surpreendente. Está vinculada ao convite ao seguimento. Um e outro vão consideravelmente além da observância dos mandamentos a qual foi limitada às primeiras informações (v.19). Para este homem (e para nós ouvintes da Palavra) significam abertura à vontade de Deus. O desapego da propriedade terrena cria um tesouro no céu.

Esta imagem tipicamente judaica parte da ideia de que a esmola e as boas obras terão uma recompensa correspondente no mundo celestial. Mas o que possui primariamente importância soteriológica é o seguimento de Jesus, ao qual a renúncia à propriedade é subordinada ou preordenada.

O fato de que os discípulos são chamados de "filhos" (encontrado só em Mc) significa que a afirmação é dirigida principalmente a eles. O evangelista prepara o significado da cena seguinte com Pedro colocando a necessidade de recorrer a Deus mesmo para aqueles que não são ricos. A proverbial frase do camelo e do buraco da agulha expressa a impossibilidade que existe para os ricos de entrar no reino de Deus.

Os discípulos reagem novamente com desânimo e perguntam com razão quem verdadeiramente pode ser salvo. A pergunta tem objetivo idêntico à do homem rico no v. 17. Mas agora ela pressupõe o conhecimento da rejeição. Visto que o desânimo dos discípulos se refere tanto à sentença geral do v. 24b como à dura sentença do buraco da agulha no v. 25, o rico se torna o exemplo que pode ser aplicado a casos semelhantes.

Existem outros obstáculos, além das riquezas, que tornam impossível a entrada no reino de Deus. Certos poderes terrenos se opõem energicamente a alcançar esse objetivo. Cabe ao ser humano tornar verdadeiramente pequeno o que é pequeno aos olhos de Deus; mas, em última análise, é Deus que torna isso possível. Com esta resposta, que evoca formulações do Antigo Testamento e talvez de modo particular a Jó (Jó 42,2; cf. Gn 18,14; Zc 18,6), Jesus tira os discípulos/as da angústia pelo futuro de onde nasceu a pergunta. Assim, a preocupação do ser humano com a salvação resulta em uma referência total à graça de Deus. Ela será acessível a quem segue Jesus.

Mc usa os versos finais como uma continuação do ensino direto aos discípulos. Nos vv. 23-27, eles são instruídos sobre as condições de entrada no Reino. No final é mencionada a situação de seus seguidores. Eles já entraram no seguimento e devem estar cientes de que as renúncias feitas não são para mérito pessoal, mas para a criação de uma nova comunhão, uma comunidade como fraternidade/sororidade (cf. 3,33-35). Mais tarde, eles podem encontrar perseguições a que serão expostos.

Relacionando com as outras leituras

A leitura do livro da Sabedoria relaciona-se perfeitamente com o Evangelho ao mostrar que a pessoa sábia não apenas despreza os bens da terra. O protagonista escolhe e prefere a Sabedoria, fonte de todas as riquezas. Sabe que os bens terrenos têm valor relativo e por isso os compara com a Sabedoria. O elenco dos verbos é eloquente por si mesmo: desejei, supliquei, a preferi, não a equiparei, a quis. Os bens que a Sabedoria traz consigo são do mais elevado valor. Não exclui os bens temporais, mas os inclui, relativizando-os, comunicando-lhes nova luz.

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