Encerramento do I Congresso de Rádio Católica do Brasil: Migração e avanços tecnológicos
Dos painéis mais aguardados do encontro, participantes puderam tirar dúvidas e debater soluções
Na manhã da quarta-feira, dia 29, o I Congresso de Rádio Católica do Brasil se iniciou com missa na capela Nossa Senhora da Esperança, no Hotel Rainha do Brasil, em Aparecida (SP). A celebração foi presidida por Dom Darci Nicioli, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, e concelebrada por Dom Devair Araújo da Fonseca e Padre Xavier, assessor da Comissão para a Comunicação da CNBB.
Durante a homilia, Dom Darci destacou a humildade como princípio para exercer bem o serviço de comunicadores. “É necessário o dom da humildade, de saber-se instrumento conduzido pelo Pai. Se não tiver o Espírito que o move, não cumpre a sua missão. Meu pedido a vocês é justamente o testemunho: anunciar aquilo que crê, que vive. Sejamos íntimos de Deus para não correr o risco de anunciarmos a nós mesmos, mas sim a verdade”, falou.
O arcebispo também disse que é preciso apostar no novo e fazer diferente a partir disso.
“É fora de propósito achar que o rádio vai acabar, precisamos nos reinventar para melhor servir. Nos coloquemos a serviço sem arrogância, certos de que Deus é nosso grande parceiro. É preciso lançar-se ao mar em busca de novos tempos, ter audácia no anúncio, unidade”, afirmou.
A celebração eucarística teve a participação do cantor Allysson Castro. Terminada a missa, os participantes se dirigiram ao Centro de Reuniões Santo Afonso de Ligório para os painéis do dia.
O rádio fora do rádio – Abrindo as exposições da manhã, o Prof. Dr. Fábio Malini falou sobre as intensas mudanças do meio digital, da urgência das rádios em estarem presentes nos dispositivos em primeiro lugar.
“Estamos participando dessa cultura da radiodifusão, submetidos a um regime de atenção. Não é mais o tempo da emissora que estará ao vivo, é preciso encontrar o tempo do ouvinte. Vocês estão disponibilizando conteúdo? Em quais canais? Na rádio 2.0 não é mais a cultura que conta, é a relevância e a confiança”, esclareceu.
No momento reservado a perguntas dos congressistas, Dom Darci levantou um questionamento referente à humanidade no meio digital e onde poderíamos encontrá-la.
“Vou citar um grande antropólogo: Eduardo Oliveira de Castro. Ele é o mais lido atualmente. O Eduardo me inspirou em ver as coisas como pessoas. Eu diria que robôs são humanos no sentido de que os algoritmos das redes sociais são baseados numa lógica humana. Então existe a perspectiva humana, é o espírito que compõe a lógica robótica. Os robôs são produtos humanos também. Toda essa discussão do pós-humano, essas dependências que nós carregamos desumanizam também. Então, eu diria que a internet é uma máquina intensa de produção de humanidade, mas que tem muitas contradições. Sobretudo em função de modelos empresariais que fazem com que todos os humanos possam ser controlados, identificados, vigiados. No entanto, precisamos ler o que é autômato dentro do princípio animista. Também aquilo que é autômato é o humano que está se processando a partir das escolhas”, respondeu Malini.
Questões sobre migração AM para FM – Após a colocação de Fábio Malini, foi a vez da advogada da ABERT, Tathiana Noleto, falando sobre a migração de AM para FM, ECAD e a mais recente lei sancionada pelo Presidente da República, Michel Temer, a antiga MP 747, que simplifica o processo de renovação de outorga das emissoras de rádio.
Sobre a migração, Noleto explicou que seria menos oneroso fazer a alteração para FM do que promover a digitalização. Ela também elucidou todo o histórico e processos da migração, como passos da adaptação, prazos de editais, entre outras particularidades.
“Já são quatro anos do processo de migração. Havia um prazo para entregar o pedido e quem já o fez está dentro desse procedimento. Quem não fez o requerimento não poderá fazê-lo mais”, afirmou.
Já sobre a sanção da MP 747, Noleto destacou a desburocratização da renovação da outorga, como contabilizar o prazo dela, falou sobre o lembrete do governo para encaminhar as documentações, bem tratou da lei do radialista que foca na atividade fim do profissional.
Por fim, explicando sobre o julgamento do simulcasting que deu ganho de causa ao ECAD, a advogada afirma que “o STJ entende que a cobrança não é pelo conteúdo e sim pelo veículo, pelas plataformas diferentes, e portanto será obrigatório pagar duplamente pelo que passa na rádio e é transmitido ao vivo pela internet”.
De acordo com Noleto, a cobrança é de 10% do valor de broadcasting. Nesse ponto, associados à ABERT têm desconto de 25%. Também foi dito que a ABERT está disponível para auxiliar as rádios que tiverem interesse, pois há facilidade de negociação de dívidas, especialmente com questões relativas ao ECAD, direitos autorais.
Após o painel, a advogada respondeu a perguntas de participantes e encerrou sua colocação.
Por fim, houve apresentação da RCR Paraná e da RCR Espírito Santo, falando de suas experiências e renovação das emissoras, seguido de grupos de trabalhos cujas impressões finais foram apresentadas no final do evento.
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