Audiência no rádio, linguagens e soluções para a crise são temas de Congresso em São Paulo
Foram apresentados dados estatísticos que apontam novos caminhos às emissoras e que podem ser úteis para mudanças significativas para ouvintes, radiodifusores e para o setores comerciais
O Congresso de Rádio Católica do Brasil contou com vários temas de relevância para o atual momento do rádio. Entre as atrações, teve a participação de Giovana Alcântara, do Kantar Ibope Media na terça-feira, 28, que falou sobre o potencial da audiência no rádio.
Foram apresentados dados estatísticos que apontam novos caminhos às emissoras e que podem ser úteis para mudanças significativas para ouvintes, radiodifusores e para o setores comerciais.
Segundo Alcântara, grandes anunciantes podem estar presentes nas emissoras católicas. O tempo médio de audiência dedicado a elas é de 3h35. Além disso, o perfil dos ouvintes aponta que 74% são das classes C, DE, tendo eles em sua maioria mais de 60 anos.
“Qual é o desafio de vocês? Encontrar uma forma de atrair o jovem, falar com ele de forma adequada. A audiência no rádio está diretamente ligada à audiência na Igreja”, afirmou ela, e completou dizendo que outros pontos a serem desenvolvidos são: migração de plataforma e produzir conteúdo atraente para migrar para essas novas plataformas.
Logo após o painel da profissional, o advogado Rafael Canizza explicou sobre o ECAD, a história dos direitos autorais e o funcionamento deles hoje, além de tratar da última decisão sobre cobrança do ECAD sobre músicas transmitidas via streaming e internet.
O advogado afirma que ainda não é possível prever a extensão dessa decisão e como a cobrança vai funcionar detalhadamente.
Criatividade em tempos de crise – Para o painel que tratou de soluções para o momento de crise vivido no País de uma forma geral, a Profª Drª Glaucya Tavares enfatizou a importância de se manter em movimento, de acompanhar as transformações da sociedade e da comunicação, bem como aproveitar as oportunidades que a tecnologia e as tendências oferecem.
“Os jovens assistem youtubers como referências até para suas próprias dúvidas, eles também não conseguem se manter assistindo um vídeo por muito tempo. Um minuto e meio. Nem mesmo nós gostamos de programas longos. Isso é um desafio: manter o pico de atenção, falar da necessidade do outro, do que interessa. Nesse momento de crise, há muitos temas dos quais a Igreja pode tratar para trazer uma solução para seus ouvintes. Assim, cria-se um vínculo com o público e um pico de atenção. Precisamos usar novos formatos para levar a doutrina”, declarou Tavares.
A professora ainda ressaltou que é preciso fazer investimentos assertivos e verificar se a audiência está correspondendo aos programas.
“Se não estamos sendo ouvidos, não estamos fazendo rádio. É a era da resolução. O que estamos resolvendo para nossos ouvintes? Também temos que falar para novos públicos porque quem quer falar para os mesmos acaba falando para ninguém. Porque os mesmos mudam”, disse e concluiu afirmando que é preciso também dar espaço para prioridades, entender a própria identidade (o que é e para quem), além de investir numa administração colaborativa.
Na parte da tarde, Angélica Cunha, coach em marketing da agência Uniti, falou sobre soluções focadas em recursos, analisando a empresa como um todo em seus relacionamentos, sua estrutura interna, mídias e colaboração de ouvintes.
“É preciso saber os personagens importantes da sua equipe, garantir que eles continuem nela, manter a qualidade do conteúdo. Invista em novidades para a programação, faça intercâmbio em outra emissora. Reforce o relacionamento com seu ouvinte, com seus anunciantes, use os meios digitais a seu favor, invista na sua equipe e faça um clube de sócios”, explicou.
Linguagem radiofônica e trabalho em rede – Em seguida, Padre Américo Aguiar, presidente da Rádio Renascença de Portugal, falou sobre novas linguagens. Ele sublinhou que não se deve ter medo das novas linguagens, mas sim observá-las, estudá-las e agir com base nisso. Aguiar deu o exemplo de sua rádio, na qual os profissionais são versáteis para a linguagem radiofônica, nos portais e nas redes sociais e também afirmou que é preciso se abrir ao novo, assumir que sempre é preciso aprender, se converter nesse sentido, e encontrar novas formas de passar aos ouvintes, em pequenas doses, aquilo que muitas vezes eles não ouviriam de outra maneira.
Na sequência, a presidente da RCR, Angela Morais, falou sobre como trabalhar em rede. Ela destacou que o essencial “é o compartilhamento de conteúdo, a reunião de forças. São oito bases geradoras na RCR, mas hoje todas as rádios são geradoras de conteúdo. O importante é termos uma sintonia juntos enquanto instituição”.
Após a colocação da presidente e do primeiro vice-presidente, Alessandro Gomes, foi aberto aos congressistas um espaço para debates e explanações.
Na quarta-feira, 29, houve missa pela manhã e logo após se reiniciaram os trabalhos do Congresso, falando sobre “o rádio fora do rádio”, com Prof. Dr. Fábio Malini, e a migração do AM para FM com a advogada da ABERT, Tathiana Noleto.
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