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Papa Francisco assina Decreto de Reconhecimento do Milagre atribuído à intercessão do Padre João Schiavo

por Ivan Sgarabotto

Na próxima semana haverá a divulgação da data da solenidade de Beatificação, que será realizada em Caxias do Sul, em 2017

Foto: Acervo Irmãs Murialdinas

O Papa Francisco recebeu em audiência na tarde desta quinta-feira, 1º, o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato. No decorrer da audiência, o Papa Francisco autorizou a Congregação a promulgar o Decreto de Reconhecimento do Milagre de cura do caxiense Juvelino Carra, pela intercessão do Venerável Servo de Deus Pe. João Schiavo, Josefino de Murialdo, italiano que viveu na Serra Gaúcha de 1931 a 1967 e realizou inúmeras obras relacionadas à educação, obras sociais e formação religiosa. Na próxima semana, será informada a data da solenidade de Beatificação, que será realizada em Caxias, do Sul, possivelmente, em outubro de 2017.

Milagre

Em outubro de 1997, a partir de uma aguda dor intestinal, Juvelino Carra, de Caxias do Sul (RS), foi encaminhado para uma cirurgia de emergência (laparotomia). O médico cirurgião Dr. Ademir Cadore constatou que na realidade se tratava de uma trombose mesentérica venosa superior aguda, envolvendo todo o intestino delgado.

Após atenta observação, averiguação e avaliação, foi tomada a decisão de desistir da cirurgia, fechar o abdômen e encaminhar o paciente à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para ser acompanhado até à iminente morte. Os familiares foram informados pelo médico da real situação: “Não há o que fazer a não ser aguardar o óbito”. Diante desta desconcertante notícia, a esposa de Juvelino pegou o santinho com a oração de Pe. João Schiavo, e repetia: “Pe. João, tu deves sarar meu marido, tu deves ajudá-lo, tu deves reconduzi-lo para casa...”, enquanto apertava forte a imagem, a ponto de amassá-la. Uma vez na UTI, Juvelino começava a dar evidentes sinais de melhora, para surpresa de todos.

Em sete dias teve alta hospitalar, sem apresentar problemas ou sequelas. Transcorridos 12 anos do acontecido, por ocasião do processo sobre o presumível milagre, as avaliações da equipe médica do Vaticano confirmaram o estado de saúde normal de Juvelino.

Etapas cumpridas do Processo de Beatificação

A Causa de Beatificação do Pe. João Schiavo, foi introduzida na Diocese de Caxias do Sul, pelo bispo Dom Paulo Moretto, em agosto de 2001. Neste mesmo ano, foi aberto o processo diocesano sobre a vida, virtudes e fama de santidade do Pe. João Schiavo e concluído em outubro de 2003, sendo entregue no Vaticano, em novembro do mesmo ano.

Foi instaurado novo processo na Diocese de Caxias do Sul, em 2009, para analisar a cura de Juvelino Carra, recolhendo depoimentos dos médicos e enfermeiras que o atenderam e familiares próximos. Em dezembro de 2015, após ter recebido o parecer da Comissão de Cardeais que analisaram o Livro sobre a Vida, Virtudes e Fama da santidade do Servo de Deus, o Papa Francisco decretou a Venerabilidade de Pe. João Schiavo.  

Em fevereiro de 2016, a Comissão de Médicos do Vaticano reconheceu, na documentação analisada, que a cura não tem explicação médico-científica. Em junho cumpriu-se mais uma etapa do processo com a avaliação positiva da Comissão de Teólogos do Vaticano, composta por sete estudiosos da Congregação das Causas dos Santos, que analisaram as orações feitas por intercessão de Pe. João Schiavo para obter a cura do caxiense Juvelino Carra. No último dia 18 de outubro ocorreu, em Roma, a Reunião Ordinária dos Cardeais e Bispos, etapa final do processo de beatificação do Padre João Schiavo. 

Quem foi e quais as principais obras de Pe. João Schiavo?

O sacerdote, da Congregação dos Josefinos de Murialdo, nasceu na Itália, em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore (VI), no dia 8 de julho de 1903 e desde criança desejava ser padre. Entrou na Congregação dos Josefinos de Murialdo e, em 1919, fez sua primeira Profissão Religiosa. No dia 10 de julho de 1927, com 24 anos, foi ordenado sacerdote. Quatro anos depois, realizando seu desejo de ser missionário e seguindo a ordem da obediência, partiu para o Brasil, chegando em Jaguarão (RS), no dia 05 de setembro de 1931 e de lá, poucas semanas depois para Caxias do Sul (RS), mais especificamente em Ana Rech para se dedicar a animação e formação dos candidatos para a Congregação dos Josefinos de Murialdo.

Desde que chegou em solo brasileiro, Padre João desenvolveu uma intensa atividade vocacional e foi o primeiro mestre de noviços da missão Josefina no Brasil. Viveu sua vocação e missão sobretudo na Região de Caxias do Sul: em Ana Rech, foi  animador dos seminaristas e noviços, professor, iniciador e diretor da Escola Normal Rural Murialdo; em Galópolis, foi diretor da Escola e pároco; em 1941, fundou o Seminário Josefino de Fazenda Souza, interior de Caxias do Sul, sendo o primeiro diretor dessa obra que marcaria sucessivas gerações de jovens. 

Fundou diversas obras em favor das crianças e jovens pobres: Abrigo de Menores São José, em Caxias do Sul; Obra Social Educacional, em Porto Alegre (Partenon e no Morro da Cruz, respectivamente); Abrigo de Menores em Pelotas e Rio Grande (RS); Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá (SC).  Foi o primeiro Superior  dos Josefinos da então Vice-Província no Brasil de 1937 a 1946 e Provincial  de 1947 a 1956. A ele se deve o desenvolvimento das Obras Josefinas, o reconhecimento oficial das escolas e a formação religiosa dos primeiros confrades brasileiros.

 Após um período de discernimento, em consonância com o fundador das Irmãs Murialdinas de São Jose Padre Luigi Casaril, no dia 09 de maio de 1954, Pe. João Schiavo iniciou, em Fazenda Souza, Caxias do Sul, o primeiro grupo das Irmãs Murialdinas de São José, no Brasil. Em 1957 fundou em Fazenda Souza, a Escola Santa Maria Goretti das Irmãs Murialdinas, onde atuou como diretor e professor. 

Em fevereiro de 1956 deixou o cargo de Superior Provincial, mas continuou prestando serviço à sua Congregação e dedicando-se às Irmãs Murialdinas. Padre João Schiavo, cuja saúde há tempo estava debilitada, adoeceu gravemente no final de novembro de 1966 e faleceu dia 27 de janeiro de 1967, com fama de santo.   

Desde então, sua sepultura, atualmente no interior de uma capela que leva o seu nome, em Fazenda Souza, é local de orações e peregrinações. Ali, todo o dia 27, às 16 horas, é celebrada missa em sua memória. Por sua intercessão são atribuídas muitas graças e a fama de santidade estende-se até mesmo para fora do Brasil, com relatos de graças alcançadas na Argentina (Mendoza) e outras nações onde atuam os Josefinos e as Murialdinas.

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