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Frei Rovílio Costa será homenageado em Serafina Corrêa

por Eduardo Cover Godinho

Capela da prefeitura municipal levará o nome do “Frei dos Livros” e precursor do talian

Uma homenagem ao Frei Rovílio Costa será realizada na próxima quarta-feira, dia 08 de julho, às 16h, na Prefeitura Municipal de Serafina Corrêa. A capela do Centro Administrativo Amantino Lucindo Montanari será denominada Frei Rovílio Costa, um reconhecimento ao “Frei dos Livros” e precursor do talian, língua utilizada pelos imigrantes italianos, especialmente na região Sul do país e reconhecida desde 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Referência Cultural Brasileira.

A solenidade contará com a presença de um representante do Conselho Provincial, que fará a bênção da capela. Para os Capuchinhos esta homenagem representa o reconhecimento da fé e das qualidades humanas, além da vasta produção literária e editorial de frei Rovílio. O prefeito Ademir Antônio Presotto, diz que para Serafina Corrêa, Capital Nacional do Talian, que este mês comemora 55 anos de emancipação, prestar esta homenagem é uma honra, “uma página da história do município está sendo escrita com muita alegria, imortalizando toda a dedicação, o trabalho e o amor à nossa preciosa herança cultural, a língua talian, através do Frei dos Livros.

Natural de Veranópolis (RS), Frei Rovílio foi ordenado sacerdote em 1960, tendo atuado na região em Ipê, Antônio Prado e na capital Porto Alegre; faleceu em 2009, aos 74 anos. Licenciado em Filosofia e Pedagogia, mestre em Educação e com o título de livre docente em Antropologia Cultural, defendeu a tese sobre “Antropologia visual da imigração italiana” (Ufrgs, 1976). Durante mais de uma década foi professor e formador em vários seminários.

A partir do início dos anos 1970 dedicou-se às letras, ao mundo editorial e à pesquisa e resgate dos valores da cultura da imigração italiana. Em 1972 criou a Edições EST (Escola Superior de Teologia), dirigindo-a por 37 anos, período em que fez cerca de 2.600 edições e reedições, tornado-se “El frate dei libri” – o frade dos livros, um nome fundamental na vida cultural de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Integrou o Conselho Estadual de Cultura do RS e inúmeras academias, entre elas, a Academia Riograndense de Letras. Recebeu centenas de honrarias, entre elas o título de “Cavagliere Ufficiale dell’Ordine al Mérito della Repubblica Italiana (1990), “Premio Ilha de Laytano” pela edição de “Assim vivem os Italianos”, a Comenda  “Negrinho do Pastoreio”, do governo do RS, e o título de “Cidadão de Porto Alegre” (1985). Em 2005, foi patrono da 51ª Feira do Livro de Porto Alegre. Escreveu mais de 20 obras no campo da educação, da psicologia, da antropologia e clássicos da imigração italiana no RS. Era colaborador de inúmeras publicações, mas especialmente do Jornal Correio Riograndense, onde respondia pela página Imigração (Vita, Stòria e Fròtole, El Ritorno de Nanetto Pipetta  e Etnias).

Apesar do reconhecimento, viveu de forma humilde, pobre e em total desprendimento em meio a um intenso trabalho intelectual – soube como poucos unir fé e cultura - encontrava tempo para rezar, pregar, escutar as pessoas, visitar os doentes, atender os jovens e ministrar os sacramentos. A grande obra foi sua própria vida, seu estilo, sua irreverência, sua alegria e simplicidade franciscanas. Viveu a fé servindo acima de suas próprias forças.  “Eu preciso cuidar dos outros até o fim”, dizia quando lhe pediam cuidados com a própria saúde, abalada pelo tratamento contra o câncer e diabetes. Sempre afirmava: “Deixei de escrever meu grande livro, para ajudar a muitos escreverem seu pequeno grande livro.”

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