“Do plástico ao pano”: alunos do Colégio Murialdo, em Caxias, confeccionam sacolas retornáveis
Baixar ÁudioProjeto foi desenvolvido por estudantes do 3º ano do Ensino Médio, durante as aulas de Biologia e Língua Portuguesa
“Plástico? Não, obrigada! Um minuto para fabricá-lo, vinte minutos de uso, 400 anos para decompor, mil mortes de espécies marinhas”. Natália Lazzari, 17 anos.
“Roupas produzidas com materiais que não podem ser totalmente reciclados, ganham uma nova cara e nova função. Foi com esta visão que confeccionamos este novo item, unindo a inovação e o amor em prol da natureza”. Priscila Casara, 17 anos.
As frases das estudantes Natália Lazzari e Priscila Casara mostram dois extremos quando o assunto é preservação do meio ambiente. Primeiro, os impactos irreversíveis que o plástico causa na natureza. Segundo, como nós, como cidadãos, podemos contribuir para, pelo menos, diminuir estes impactos.
As alunas, ambas com 17 anos, cursam o 3º ano do Ensino Médio do Colégio Murialdo, em Caxias do Sul. Elas fazem parte de um grupo de 75 alunos envolvidos na produção de sacolas retornáveis, conhecidas como Ecobags, produzidas com tecidos jeans, para serem utilizadas nas compras do dia a dia. O projeto “Do plástico ao pano, pratique essa ideia”, é coordenado pelas professoras Luciana Santini, de Biologia, e Lisiane Betto, de Língua Portuguesa. Ouça AQUI a reportagem especial.
Os estudantes tiveram o desafio de, em um mês, confeccionar as sacolas retornáveis reaproveitando calças jeans que não utilizavam mais. As Ecobags ainda foram personalizadas com materiais reclicáveis e com imagens e mensagens de conscientização, como aquelas das alunas Natália e Priscila. Um verdadeiro trabalho de união de esforços, que envolveu até as famílias dos estudantes, que ajudaram na confecção das sacolas. “A animação foi grande. Eles conversaram sobre quem ia ceder a calça pra fazer corte, pois a ideia era reutilizar uma calça e transformar ela em uma Ecobag. Não era pra comprar tecidos. Era, literalmente, usar os 5 R’s da ecologia: recusar, reduzir, reutilizar, reciclar e responsabilidade. Eles fizeram trabalhos maravilhosos”, conta a professora Luciana Santini.
Aliado à sustentabilidade, o trabalho dos alunos do Murialdo também se destaca pela solidariedade. Isso porque os recursos arrecadados na venda das 15 Ecobags produzidas ajudarão na compra de uma cadeira de rodas que será doada para alguma entidade. As sacolas estão à venda no Colégio, no valor de R$25,00. “São dois objetivos: reduzir a produção e quantidade de plásticos que vamos usar com as sacolinhas, e, com a venda das Ecobags, adquir uma cadeira de rodas para fazer uma doação para alguma associação, que ainda vamos definir com os alunos. Além das sacolas ecológicas, vamos vender também os lacres de latinhas, que coletamos com as turmas no semestre passado”, afirma a docente.
O plástico demora mais de 400 anos para se decompor na natureza, ocasionando gravíssimos problemas no meio ambiente, como, por exemplo, as mortes de espécies marinhas. Foi pensando nessa problemática que o grupo da estudante Natália Lazzari produziu a Ecobag. “Nós utilizamos ecobags antigas, porque não tínhamos calça jeans para utilizar no trabalho. O tamanho da nossa Ecobag seria o equivalente a seis sacolinhas plásticas, então são seis sacolas a menos para o meio ambiente. A ecopbag pode ser utilizada até como mochila”, conta.
E uma ecobag pode ser estilosa? O grupo da estudante Priscila Casara pensou nessa alternativa e criou a sua sacola retornável aliando termos da moda. “A gente tem uma colega ligada a esse mundo da moda. A gente conheceu o termo upcycling, que consiste em criar novas peças de roupas com materiais recicláveis. A gente utilizou a calça em duas partes. A parte de cima é uma bermuda e a parte de baixo é uma ecobag”, afirma.
Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente, no Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolinhas plásticas são distribuídas por hora. Em todo o mundo, esse número gira entre 500 bilhões e 1 trilhão. O consumo excessivo das sacolas plásticas é o maior vilão do meio ambiente. Para se ter uma ideia, para a produção das sacolinhas plásticas são consumidos petróleo ou gás natural (ambos recursos naturais não-renováveis), água e energia, e liberados efluentes (rejeitos líquidos) e emissões de gases tóxicos e do efeito estufa. Além disso, o plástico tem a característica de impermeabilidade, ou seja, retém a água, causando a impermeabilização do solo e dos depósitos de lixo, dificultando a biodegradação de resíduos orgânicos.
Mudar o mundo e os hábitos de consumo para garantir e melhorar a vida no planeta começa com pequenas atitudes que, frente ao objetivo, tornam-se grandes atitudes, como essa dos alunos do Murialdo. E tudo começa com a educação. “A ecologia tem que sair da sala de aula. Essa atividade foi pra juntar o coletivo. A gente precisa pensar em ações diferentes para mudar o nosso planeta. Eu roubei o slogan de uma sacola, que diz ‘Devagarinho a gente muda o mundo’, e é bem essa ideia. A educação transforma o mundo e a gente tem que colocar isso em prática”, finaliza a professora Luciana.
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