Vereadores e especialistas debatem sobre programas de gestão de riscos e conservação do solo
Uma reunião pública da tarde desta segunda-feira buscou alternativas para enfrentar desastres climáticos
A perspectiva dos desastres climáticos como inevitáveis, mas de consequências previstas e atenuadas, ganhou ênfase na reunião pública da tarde desta segunda-feira (22/07), no plenário da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Promovido pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, presidida pelo vereador Olmir Cadore/PSDB, o encontro motivou discussões entre vereadores e especialistas sobre programas de gestão de riscos e conservação do solo.
Fiscal estadual agropecuária da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Claudiane Brusa Toniolli entende que precisam ser retomadas iniciativas em favor da água limpa, com a recuperação de nascentes dos rios. Disse que, no contexto caxiense, servem para fazer frente à escassez hídrica. “A degradação do solo prejudica a fauna, o rendimento agrícola e as condições hídricas. Entre as consequências, estão o assoreamento, com o carreamento de fertilizantes e agrotóxicos. Os mais prejudicados são os produtores rurais mais vulneráveis às intempéries”, observou.
Em seguida, o geólogo Rualdo Menegat, que é docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), diagnosticou que o crescimento do agronegócio, sobretudo na região do Planalto, desencadeia um avanço desenfreado sobre banhados e nascentes. “Os rios se tornam uma calha, com erosão e acumulação de água, que fica mais veloz, culminando em eventos, como o de maio passado. É expor a população ao risco. Eldorado do Sul é um exemplo negativo pela especulação imobiliária, que desmantelou planos diretores urbanos”, analisou.
Para Menegat, outros fatores prejudiciais passam pela privatização de empresas de energia elétrica, água e esgoto. “O Estado perdeu inteligência. Os sistemas de proteção remontam a 1941, quando da última enchente nesses patamares. O que houve, agora, foi falha na manutenção. A água entrou pelas comportas, num erro de isolamento. É inacreditável que exista uma distribuidora de gás às margens do Rio dos Sinos. Já em 2004, a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um Programa de Gestão de Riscos, algo ainda ignorado no contexto local”, lamentou o especialista.
Na mesma linha, manifestou-se Cláudia Barros, professora de Agronomia da UFRGS. Entre outros dados, apresentou resultados dos últimos anos: 5 grandes estiagens (2004-2005;2012;2020-2022); safras 2004/2005, 2011/2012 e 2019/2020, como as mais impactadas pela perda de rendimento dos grãos (milho e soja); safra 2021/2022, que, em termos de prejuízos econômicos, entrou para a história, como a de maior efeito negativo para a economia do RS, até então; safra 2022/2023, com o maior volume de quebra, pelo menos na cultura da soja.
Além do presidente Cadore, fazem parte da Comissão de Saúde e Meio Ambiente os vereadores Adriano Bressan/PP, Estela Balardin/PT, Rafael Bueno/PDT e Renato Oliveira/PCdoB.
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