A negativa de conflito de interesses, durante as obras da nova ala do Hospital Geral (HG), foi sustentada por José Quadros dos Santos, ex-presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS). Ele se manifestou em oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, em funcionamento no Legislativo caxiense. A audição aconteceu na tarde desta quarta-feira (18/10), na Sala das Comissões Vereadora Geni Peteffi. A presidência da CPI cabe ao vereador Rafael Bueno/PDT.

José Quadros atuou como presidente leito da FUCS entre fevereiro de 2020 e maio de 2023. A fundação faz parte da gestão do Hospital Geral (HG). No período à frente da FUCS, por meio da sua empresa, ele forneceu materiais para a construção de ala do HG. “Portanto, o ex-presidente considera ético que a empresa da qual ele é proprietário forneça materiais de construção para as obras da ala do HG, no mesmo período em que dirigia a FUCS”, interpretou o vereador Alberto Meneguzzi/PSB, integrante da CPI.

Meneguzzi contou ter estudado a documentação enviada pela FUCS, após solicitação da própria comissão. Com base nas perguntas e nas respostas, ao longo das quase três horas da oitiva de hoje, o socialista estendeu o seu entendimento, compartilhado pelos demais colegas de CPI. “O seu mandato está sob investigação. Até uma empresa de auditoria foi contratada. O senhor disse desconhecer o edital de concessão da ala do HG, embora o custeio da obra tenha ficado entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões”, observou o vereador.

O socialista emendou: “o ex-presidente acaba de dizer que não há impedimento interno da Universidade de Caxias do Sul (UCS), para que a sua empresa seja impedida de vender ou fornecer materiais de construção à instituição. Desconhece qualquer sindicância interna para questionar a prática, tida por ele como normal. Não acredita em conflito de interesses.  Considerou-se um voluntário e que se sairia prejudicado, se não houvesse essa possibilidade de venda de materiais”.

Em outro momento da oitiva, Meneguzzi indagou o porquê de o edital das obras do HG não ter sido público e com um processo de contratação de empresa por meio de consulta. Como resposta, Quadros disse que não era uma exigência.

Até o momento, foram ouvidos, de maneira presencial, nove depoentes. São eles: o então diretor da UPA Central, Alessandro Ximenes (28/08), já substituído por Marcel Bertini; a diretora da UPA da Zona Norte, Renata Demori (31/08); a secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi (05/09); a presidente do Sindisaúde Caxias (sindicato dos trabalhadores do setor), Bernadete Giacomini (15/09); o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Alexandre Silva (25/09); a ex-supervisora da UPA Central, Margarete Zietolie (05/10); o procurador-geral da Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), Maurício Salomoni Gravina (16/10); o diretor-geral do Hospital Geral (HG), Sandro Junqueira (16/10); o ex-presidente da FUCS José Quadros dos Santos (18/10).

O funcionamento da CPI está previsto para 150 dias, encerrando em 24 de novembro vindouro. Além do presidente Bueno, fazem parte da CPI o vice-presidente dela, vereador Maurício Scalco/NOVO, e a relatora, vereadora Estela Balardin/PT. Completam a formação de dez integrantes os parlamentares Adriano Bressan/PTB, Alberto Meneguzzi/PSB, Alexandre Bortoluz/PP, Olmir Cadore/PSDB, Renato Oliveira/PCdoB, Rose Frigeri/PT e Velocino Uez/PTB.

Agenda de oitivas a partir de convocações confirmadas

- 30/10 – 9 horas – Lara Sales Vieira Superindente do Hospital Pompéia

- 30/10 – 14 horas – Sandra Maria Paim Della Giustina Barp – Presidente do Pio Sodalício das Damas de Caridade de Caxias do Sul

- 31/10 – 14 horas – Denize Gabriela Teixeira da Cruz – Vice-presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (SERGS)

- 13/11 – 9 horas – Baltira Luísa Rodrigues dos Santos - Ex-coordenadora de enfermagem da UPA Central.