Na década de 1950, o menino Ivo Adamatti entregava jornais em Galópolis, bairro de Caxias do Sul onde passou a infância. O produto que ele distribuía era impresso na capital do Rio Grande do Sul. “Os jornais chegavam em Galópolis por volta das 10h30. Vinham no ônibus, de Porto Alegre. Eu saia do colégio às 11h30. Botava uma fita de couro a tiracolo; os (jornais de) assinantes de um lado e, de outro, os jornais para vender. Eu distribuía ao redor da Igreja para assinantes e depois ia para a ponte da fábrica. Ao meio-dia o pessoal ia para casa almoçar, passava muita gente. Então, alguns assinantes pegavam na ponte e eu também aproveitava para vender alguns jornais ali”, lembra.

À época, o pai dividia o tempo entre a vida de operário e a lida na roça. A mãe organizava a casa para dar conforto aos três filhos pequenos: Ivo, Mario e Lino. E foi em casa que o primogênito recebeu a base da formação que o acompanha ainda hoje. “(meus pais) Conseguiram dar uma educação baseada nos princípios da fé cristã, que eu acho que é fundamental para a vida”, destaca.

Ivo Adamatti tinha 13 anos quando foi estudar para ser padre. Ele diz que a iniciativa abriu muitas portas. Exerceu o sacerdócio por 15 anos. Chegou a ser Reitor do Seminário Nossa Senhora Aparecida, em Caxias, nos anos de 1972 e 1973. “Guardo com carinho esse período. O Seminário Aparecida é uma das casas mais beneméritas de Caxias. Quantos líderes, em todas as áreas, hoje exercem um bom trabalho graças ao Seminário”, afirma.

Na década de 1970, Ivo Adamatti passou a dar aulas na Universidade de Caxias do Sul (UCS) e coordenou o vestibular da instituição por 35 anos. Chegou a ter 1800 pessoas sob sua coordenação, durante a realização de algumas edições do concurso. Época de enormes desafios. “São muitos detalhes, muitos cuidados. As formas que as pessoas tentam burlar (o concurso) são enormes. Você nem imagina”.

Adamatti coordenou o vestibular da UCS até 2011, quando se aposentou. A partir de então, passou a dedicar mais tempo para as atividades da Diocese de Caxias do Sul. Só no ano passado, fez 59 palestras sobre temas ligados à religiosidade, como “Campanha da Fraternidade”, Sacramentos da Iniciação Cristã e História da Igreja. Hoje, aos 77 anos, casado, tem na dedicação à comunidade um dos motivos para viver bem. “Eu não nego fazer aquilo que está ao meu alcance. Aquilo que você pode dar, você não pode negar”.

Filósofo, teólogo, pedagogo, mestre em Educação, Ivo Adamatti foi o entrevistado desse sábado (27) do programa Conectado Perfil. Clique no player e ouça a entrevista completa.