CAAF: a cooperativa que nasceu do porão de uma casa para auxiliar centenas de agricultores da região
Baixar ÁudioEste é o segundo episódio da série de reportagens especiais do Dia do Colono e do Motorista, comemorado no dia 25 de julho. Conheça a história da instituição e os benefícios para os produtores locais
(Para experiência completa, ouça a reportagem especial no “Ouvir Notícia”, disponível abaixo do título da matéria).
O ano era 2009. O porão da casa de Marcos Regelin foi palco de uma reunião entre agricultores para discutir a demanda dos pequenos produtores de Caxias do Sul. A ideia seria expandir o mercado de vendas de alimentos, como frutas e hortaliças, para auxiliar no sustento das famílias. Foi dessa conversa que 30 pessoas criaram uma associação, que, mais tarde, se tornaria a Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (CAAF), em 2010. Atualmente, Regelin é gerente administrativo da entidade.
Pelo menos foi essa a história contada por Volnei Dallegrave, de 49 anos, que estava presente na reunião realizada há 12 anos. Ele é natural de Caxias do Sul e mora na localidade de Caravaggio da 3ª Légua desde seu nascimento. Possui uma propriedade rural, junto com os irmãos Valdir e Valmor. Ele recebe a ajuda de seu filho Matheus, de 16 anos, para cuidar do local. A esposa Jocelaine trabalha na área financeira do Hospital do Círculo. Bergamota, laranja, tomate e uva são os alimentos produzidos pela família Dallegrave no terreno. Volnei detalha a origem da cooperativa.
A CAAF é formada por pequenos agricultores familiares de Caxias do Sul e região, que cultivam hortaliças, frutas e agroindustrializados. O cooperativismo foi uma maneira de organizar a produção e a comercialização, além de fortalecer o ramo, dar sustentabilidade às pequenas propriedades rurais e tornar a atividade no campo viável, especialmente para os jovens. Em um primeiro momento, a cooperativa viu no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) uma oportunidade de iniciar sua atuação. Feita em 2009, a política do governo federal pedia que, pelo menos, 30% da alimentação das escolas públicas fosse fornecida pela agricultura familiar. Este trabalho culminou na chegada de mais associados. Hoje em dia, a CAAF possui cerca de 300 cooperados, que produzem para 205 escolas das redes estadual e municipal de Caxias.
Enquanto ocorria ampliação da cooperativa, outros municípios da Serra Gaúcha e de instituições de ensino da região metropolitana de Porto Alegre começaram a ser atendidos. A CAAF também iniciou a entrega de maçã para a alimentação escolar nos estados de São Paulo e Paraná. Fora a parceria que tem com o governo do Estado e com o governo federal, por meio dos Programas Nacionais de Aquisição de Alimentos. Mercados institucionais, como quartéis e hospitais de diferentes cidades, também entraram na gama de atendimento. Perto de 100 toneladas de hortifrutigranjeiros por mês são fornecidos pelos cooperados. O presidente da CAAF, Leonar Seefeld, conta o motivo da expansão da entrega para outros lugares.
A cooperativa calcula que 90% dos associados são de Caxias do Sul. Os outros 10% são oriundos de cidades da Serra Gaúcha, Campos de Cima da Serra e do Litoral Norte. A ampliação possibilitou a revenda de outros produtos, como é o caso da banana, que não se cultiva na região. Há pelo menos 20 funcionários, responsáveis pelo andamento da instituição. Desde a sua criação, a instituição teve alguns momentos marcantes. Por exemplo, em 2013, ocorreu a compra do primeiro caminhão para realizar as entregas. A aquisição possibilitou revender os produtos fora de Caxias, indo para Farroupilha e, no segundo semestre, para Porto Alegre. Em 2016, houve as primeiras remessas para o quartel de Caxias e no primeiro Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), localizado em Farroupilha. As penitenciárias também começaram a receber os alimentos a partir de 2017.
Casa de Passagem São Francisco de Assis e pandemia
Em meio a tanto local atendido, está a Casa de Passagem São Francisco de Assis, mantida pelo Projeto Mão Amiga e pela Prefeitura de Caxias. O espaço presta assistência para moradores de rua ou desabrigados, oferecendo um lugar para dormir durante três meses até serem reinseridos à sociedade. Atualmente há 40 residentes e 22 funcionários, entre educadores sociais, equipe técnica, administrativa e de cozinha. Os alimentos fornecidos pela cooperativa auxiliam na complementação das refeições diárias do abrigo. O coordenador da propriedade, Gilson Valério Menegol, conta que a qualidade dos produtos é uma das principais características dos alimentos oferecidos pela CAAF.
Com a chegada da pandemia da Covid-19, em 2020, muitas atividades econômicas foram impactadas pelas restrições do Governo do Estado para impedir a disseminação do vírus. A CAAF foi uma delas. Como a maioria da renda da cooperativa é advinda da entrega para as escolas, o fechamento das instituições de ensino refletiu no cotidiano dos agricultores familiares. A reinvenção foi a palavra-chave da entidade para passar por esse obstáculo. Duas ações foram e são importantes para a manutenção da CAAF durante o período. A primeira começou no mês de março do ano passado, um serviço de entrega a domicílio de cestas com alimentos hortifrutigranjeiros e de produtos fabricados por agroindústrias, de propriedade de agricultores cooperados. A outra foi a entrada no mercado dos alimentos minimamente processados, que consiste na distribuição de produtos in natura, que passam por um processo de limpeza, entre aspas, como a retirada de partes não desejadas, congelamento e embalamento. A rede hospitalar é a maior consumidora disso. O presidente da CAAF conta como foi esse momento.
Por essa ajuda aos agricultores que Volnei está na cooperativa. Antes da CAAF, seus alimentos eram vendidos apenas para a rede de Supermercados Andreazza. Com sua entrada, ele pôde ampliar a cartela de distribuição, auxiliando sua família e a economia local. Ele relata os benefícios de ser um associado.
A partir deste ano, a cooperativa tem um novo endereço. O prédio está em uma área alugada, no Bairro Diamantino, próximo à Rota do Sol e BR-116. O espaço fica na rua Olinda Pontalti Peteffi, nº 190, no Loteamento Vale dos Pinhais.
Este foi o segundo episódio da série de Reportagens Especiais do Dia do Colono e do Motorista aqui na São Francisco, que tem o patrocínio de Tratorpeças Mário – Revendedor Case, Tratores e Implementos – localizado na RST 453, Rota do Sol, KM 150, nº 21859 – contato pelo fone 9 999 2-0055.
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