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Alimentos evangelizadores da Quaresma e Páscoa

por João Carlos Romanini

As culturas no passar do tempo, agregaram simbologias de fé aos pratos do cotidiano, para celebrar a ressurreição

O Prato andino, comum no Equador faz parte da tradição da Quarema e Semana Santa
Foto: Divulgação

                A partir de estudos antropológicos, originalmente os povos egípcios, gregos e romanos tinham a Páscoa como a festa pagã de passagem do inverno para a primavera, que trazia com ela um tempo bom e favorável e de abundantes colheitas e a fartura à mesa.

                  Na tradição judaica o Pessach, que significa passagem, simboliza a fuga do Egito em busca da terra prometida, em busca da liberdade. Com o surgimento do Jesus Cristo, e com ele o cristianismo, algumas culturas acabaram incorporando elementos da tradição pré-cristã, quanto do judaísmo. “A ideia da passagem continua, e as famílias durante a quaresma e Semana Santa, agregam costumes, pois a tradição cristã, usa da alimentação para fazer catequese”, explica o Dr em Teologia Bíblica, frei Carlos Raimundo Rockembach.

                 A tradição diz que originalmente, come-se peixe durante a semana que antecede a Páscoa, ou mesmo a quaresma, em sinal de sacrifício. Já no domingo da Páscoa, é mais comum o consumo de carnes.  Frei Carlos explica que, países latino-americanos trouxeram da Espanha e Portugal a tradição de comer peixe, também no domingo da páscoa, mas a América Latina, cada país reconstruiu suas simbologias gastronômicas associadas ao resultado da evangelização. “O consumo de bacalhau é uma atualização, como aqui no novo continente não havia bacalhau, mas muitas espécies de peixe, resinificaram o sentido da quaresma. O uso do peixe se tornou comum por aqui, o Vinho também veio junto, para acompanhamento das refeições pascais, recordando o sangue de Cristo”.

                  O doutor em Arqueologia Cristã, frei Celso Bordignon, explica que entre os europeus, árabes e judeus, há o costume de comer cordeiro no domingo de Páscoa. “Esse hábito é carregado de referências cristãs. O cordeiro simboliza o próprio Cristo e também os sacrifícios que eram feitos com o animal. O ovo de Páscoa, presente nas comemorações em diversos países, remete à fartura e à prosperidade, à vida que se renova. “Desde o século 18 na França, há uma tradição decorar ovos de galinha e recheá-los com chocolates ou outras sementes”. Ele recorda ainda que o simbolismo do coelho, que também remete à fertilidade, acabou virando símbolo de abundância na Páscoa.

 

Cozinha Evangelizadora na América latina:

                     Os costumes carregados de identidade cultural misturados com a evangelização deixaram legados diferentes na cozinha Ameríndia. Na Colômbia, no lugar do bacalhau, usam peixes, como o prato principal. “Ele é cozido com tomates, cebolas e finalizado com leite fresco. Já no café da manhã é comum tomar um caldo feito com a cabeça do peixe, que no julgamento deles, trará mais energia para o dia, os peruanos seguem a tradição católica que veio com os espanhóis eles costumam comer bacalhau desfiado, com grão de bico, milhos tostado, pipoca ou peixe de água salgada elaborado no vapor. Os frutos do mar também têm destaque na mesa durante a Páscoa. É comum preparar pratos como arroz e mariscos, Ceviche, que é peixe cru no limão com temperos, e caldeirada, uma espécie de sopa com legumes e grãos”, explica Asunta Montoya, peruana que vive em Quito.

                 No Equador, o prato conhecido nacionalmente como  Fanesca, é uma das comidas “sagradas” por tradição. Ela mistura temperos ao simbolismo religiosos durante a quaresma e semana santa, período que aflora a fé associada a um bom prato tipicamente resignificado. A origem deste prato, explica Pepe Mármol, é um cozido a base de leite e peixe. “Uma mutação do nome original que era Juanesca, em honra de Nossa Senhora de Quito, provavelmente indígena, que já elaboravam o prato há muitos anos".

                 Também se diz que a Fanesca pode ter vindo da Espanha com os invasores espanhóis,  que este prato se preparava no sul da península com o nome de “Francisca”, elaborada também com grãos e Peixes . O prato com mesmo nome de Francisca   diz frei Celso Bordignon  que se cozinhava na antiguidade na região da Sicília. Pepe Mármol conta que há indícios que os barcos que chegavam no litoral e costa equatorianas traziam um tipo de peixe que chamavam de “fanesco”, era seco e curtido com sal, que foi incorporado a as comidas andinas elaboradas com grãos.

                    A preparação de cada região do país é diferente, costa, serra andina, Amazônia e ilhas Galápagos, a preparação do prato é diferente, porem o uso de, ao menos, sete tipos de grãos: Milho, favas, ervilhas. Feijão, grão-de-bico, arroz, quinoa. E comum na quaresma os restaurantes disponibilizarem para cliente e turistas esta iguaria que virou tradição no país andino. Países cheios de religiosidade e fé.

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