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Raimundo Bampi: orgulho de ser colono

por Pablo Ribeiro

Agricultor, ex-presidente do Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul e ex-vereador foi o entrevistado do programa Conectado Perfil, na manhã deste sábado

Foto: Pablo Ribeiro/Tua Rádio São Francisco

Se em outros tempos chamar um agricultor de colono era sinônimo de preconceito, hoje em dia a denominação traz orgulho aos trabalhadores do campo. E não é diferente para Raimundo Bampi. “Pode me chamar de colono, é um orgulho”, diz ele. O ex-presidente do Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul e ex-vereador foi o entrevistado do programa Conectado Perfil, da Tua Rádio São Francisco, na manhã deste sábado (08).

Ouça o programa completo:  PARTE 1  |  PARTE 2 PARTE 3

Raimundo Bampi nasceu em São Virgílio da 2ª Légua, no interior de Caxias do Sul, em 15 de março de 1949. Até hoje ele vive na localidade. É o mais velho de sete irmãos, filhos dos agricultores Maximino Maria Bampi e Nelly Augusta Valentini Bampi. “A gente viveu feliz, embora com muitas dificuldades. Naquela época não tinha energia elétrica e nem a maquinaria para trabalhar na propriedade. A nossa diversão era encontrar com os colegas no domingo à tarde”. Bampi vive com a mãe, dona Nelly, de 92 anos.

Bampi estudou até o quarto ano primário na Escola Rafael Pinto Bandeira. Ele tinha 10 anos quando teve de largas os estudos para ajudar os pais na lida do campo. “Eu lembro da minha professora, Lídia Maria Longo, gente finíssima. Claro que eu gostava de estudar, mas, infelizmente, naquela época não tinha as condições que tem hoje para poder estudar. Aos 10 anos, ia pra roça da manhã a noite, sempre de pé no chão, seja no inverno ou verão. Quando não era de pé no chão, o calçado era um par de tamanco”, relembra.

A luta pelos trabalhadores rurais

Durante 33 anos, Raimundo Bampi atuou no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, sendo 24 anos como presidente da entidade, sempre lutando pelos direitos dos trabalhadores do campo. “Havia duas entidades que faziam reuniões no interior, o sindicato e a Emater. Ele levavam as orientações para os agricultores sobre os defensivos agrícolas. Eu acompanhava meu pais nessas reuniões e achava muito interessante essas pessoas falarem. Então, eu sempre participava, meio que de metido, nessas reuniões”.

Bampi começou a atuar efetivamente na igreja. Foi o padre Luiz Bonetto, vigário da Paróquia de Conceição da Linha Feijó, quem convidou Bampi a fazer leituras na igreja. Até que um dia, um assessor do sindicato o convidou para participar de uma chapa para a diretoria da entidade. “Fiquei bastante eufórico, pois era uma coisa que eu gostava de participar. Participei da chapa e ela foi eleita”, conta.
Em 14 de dezembro de 1980, Bampi assumiu como suplente a diretoria do sindicato, pelo período de três anos. De 1983 até 1986, fez parte do conselho fiscal. Na gestão de 1986 até 1989, assumiu como secretário da entidade, sendo que neste período passou a trabalhar em tempo integral para o sindicato. A partir de dezembro de 1989, assumiu a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, sendo reeleito sucessivamente durante sete eleições.

Em mais de três décadas na entidade, Bampi teve muitos aprendizados. “Conheci as dificuldades do nosso povo. O sindicato é onde o agricultor leva suas dificuldades, para que a entidade possa solucioná-los. A gente fica conhecendo os problemas de toda categoria. Então, a gente chega à conclusão de que as dificuldades dos outros são muito maiores do que as da gente. Outro aprendizado é quando se busca soluções. Pra resolver os problemas da categoria depende praticamente da classe política, aí é muito difícil”.

Atuação na política

Bampi diz que nunca imaginou participar da política partidária. Depois de muito tempo atuando no sindicato, muitos agricultores começaram a cobrá-lo para que estivesse na política lutando pelos direitos do trabalhador do campo. “Depois de tanta pressão, resolvi concorrer”.

Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), concorreu pela primeira vez nas eleições de 2008, porém não foi eleito. Em 2012 concorreu novamente e ficou como suplente. Na ocasião, o vereador Elói Frizzo assumiu a presidência do Samae, dando a possibilidade para que Bampi assumisse o cargo no Legislativo Caxiense. Em 2016, tentou se eleger, mas sem sucesso. “A vida política é diferente da vida sindical. Infelizmente, existe a politicagem. Existem os políticos bons e ruins e parte da população coloca todo mundo no mesmo saco. Nós tentamos dar nossa colaboração e fizemos nossa parte”. Sobre as eleições de 2020, Bampi é categórico. “99,9% de chances de eu não concorrer novamente”.

Raimundo Bampi defende o agricultor com unhas e dentes. “Eu pertenço a uma categoria e eu sei das dificuldades que essa categoria enfrenta. Nós nos rebelamos contra muitas injustiças que existem, e essas injustiças nós não aceitamos de jeito nenhum. Hoje eu voltei a ser simplesmente agricultor, mas diante de injustiças, nós, como cidadãos, não nos calamos de jeito nenhum. Continuo na defesa da categoria. Precisamos crescer e evoluir todos juntos, como categoria, e não individualmente”.

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