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Carlos Gandara: medicina como missão, fotografia por paixão

por Pablo Ribeiro

Cirurgião pediátrico, diretor técnico do Hospital Unimed e presidente do Clube do Fotógrafo, Carlos Gandara foi o entrevistado do programa Conectado Perfil, na manhã deste sábado

Foto: Pablo Ribeiro/Tua Rádio São francisco

Médico e apaixonado por fotografia. Este é Carlos André Tarrio Gandara. O cirurgião pediátrico é porto alegrense e, há 25 anos reside em Caxias do Sul. Atualmente, Gandara é diretor técnico do Hospital da Unimed. Além disso, é presidente do Clube do Fotógrafo, conciliando seu trabalho com o hobby da fotografia. Carlos Gandara foi o entrevistado do programa Conectado Perfil, na manhã deste sábado (02), e contou histórias marcantes de sua vida.

 

Ouça o programa completo: PARTE 1  |  PARTE 2  |  PARTE 3

 

Carlos Gandara nasceu em Porto Alegre, no dia 19 de março de 1965. Como ele mesmo gosta de frisar, foi no dia de São José. Os pais de Gandara são espanhóis, nascidos em um povoado próximo à Galícia. “Como a situação da Espanha era muito difícil, primeiro meu pai veio sozinho tentar a vida no Brasil. Depois veio a família da minha mãe. A história é bem interessante porque eu já fui conhecer onde eles nasceram. Da casa do meu pai se enxergava a casa da minha mãe, mas eles não se conheceram lá. Eles vieram se conhecer em Porto Alegre”, conta o médico. 

A mãe de Gandara, Consuelo faleceu aos 54 anos. O pai, Pepe, no auge de seus 81 anos vive na capital gaúcha. Além do médico, o casal de imigrantes teve outros dois filhos, Manuel e Fátima. “Eu não fui Joaquim por muito pouco”, brinca Gandara, referindo-se às influencias de Portugal na Galícia.

 

Primeiros anos

Carlos Gandara passou toda sua infância em Porto Alegre. Sempre muito estudioso, o médico frequentou o Colégio São João. “Sempre gostei muito de estudar. Eu nunca tive dificuldade como aluno. Todos os temas me interessavam. Eu era um aluno bem regular nas partes mais humanas, como Português, História, Geografia, e estas coisas me fazem falta hoje, principalmente o português. Eu não gosto de escrever errado em lugar nenhum, nem no WhatsApp”.

A infância, aliás, é um dos períodos pela qual o Dr. Gandara guarda muitas lembranças afetivas. “Aqueles finais de tarde e início de noite, quando a mãe chamava a gente da rua, porque já era tarde. A turma toda tava na rua, ou conversando, ou jogando bola. Essa é minha melhor lembrança”, relembra.

A influência para a medicina veio através de um tio de Gandara, que era médico em Buenos Aires, capital da Argentina. “Meu tio também era imigrante. Ele nasceu na Espanha e foi pequeno para Buenos Aires. Eu adorava o que ele fazia como médico. Eu adorava escutar as histórias dele, ouvir ele falando sobre cirurgia. Não tinha dúvidas, eu queria ser médico desde o início”, relembra.

 

A medicina

Gandara não tinha dúvidas da profissão que havia escolhido seguir. Formado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), ele sabia que o vestibular seria uma grande barreira. “Estudei bastante para passar no vestibular. Não passei no primeiro vestibular, e fico bem feliz em dizer isso, porque tem muita gente que fica frustrada e acaba desistindo da carreira por não passar em um ou dois vestibulares. No segundo, eu estudei bastante o ano inteiro e passei. A faculdade de medicina é uma experiência muito bacana”.

Foram seis anos de estudos até a graduação como médico. A área pediátrica tomou o coração de Gandara desde o início da faculdade. “Eu tinha uma interação muito boa com as crianças. Gostava muito de atendê-las. Eu gostei muito da geriatria também, mas não tanto como a pediatria”. Próximo do final da faculdade, Gandara fez estágio em cirurgia pediátrica. “Aí foi arrebatador. Quando eu vi o trabalho do cirurgião de criança, eu disse “É isso que eu quero fazer”. Gandara fez mais dois anos de residência médica em cirurgia adulta, no Hospital da PUC, e mais três anos de residência em cirurgia pediátrica. Em Porto Alegre, Gandara também trabalhou no Hospital Mãe de Deus.

O convite para vir a Caxias do Sul surgiu em 1994, para trabalhar nos hospitais Pompeia e Saúde. “Inicialmente eu vim à Caxias para ajudar, pois meu desejo era ficar em Porto Alegre. Quando cheguei aqui, adorei. Eu me identifiquei com as pessoas, com o clima, com a maneira de trabalhar em Caxias. Fui ficando e estou aí estes anos todos”, relembra o cirurgião. No ano seguinte, ingressou no Hospital do Círculo, onde foi um dos idealizadores e fundadores do Pró-Face. Coordenado por ele, o centro atende pessoas portadoras de fissura labiopalatina, e realiza diversos procedimentos. “O Círculo Operário  me deu uma das grandes oportunidades da minha vida, na qual eu sou muito grato. O Círculo queria ampliar sua filantropia, e me procuraram para realizar cirurgias em crianças carentes. E eu já tinha uma ideia na cabeça, que eram as crianças com fenda palatina. Na residência eu aprendi a operar estes  pacientes. Quando cheguei aqui vi uma realidade ruim. A criança que nascia com esse problema tinha que ir até São Paulo. Quando o Círculo abriu essa oportunidade, nó montamos o centro de atendimento à essas crianças”.

Atualmente, Gandara é diretor técnico do Hospital da Unimed em Caxias. O médico foi convidado por Marcelo Frigeri e Carlos Castellano, presidente e vice-presidente do hospital. “Inicialmente eu disse ao Castellano que não podia e que era uma responsabilidade muito grande, mas quando inaugurou a nova Unidade Materno Infantil, eu só agradeci a ele por ter podido participar desse grande momento”, lembra.

 

Um apaixonado por fotografia

Se Carlos Gandara é reconhecido por sua atuação na medicina pediátrica, não é diferente na área da fotografia, outra de suas paixões. “No segundo grau, eu estudava no Colégio São João, e tinha um concurso de fotografia. Fui lá, peguei a câmera do meu pai, fiz uma fotografia do cachorro de casa e fiquei em terceiro lugar. Achei aquilo fora de série”, diverte-se. Gandara continuou cultivando a paixão pela fotografia. “Eu gosto da imagem. Eu gosto do que as imagens significam, do que elas dizem pra gente”, conta.

Atualmente, ele é o presidente do Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul. “A gente tá lá pra se divertir, pra olhar fotografias, pra fotografar, pra compartilhar, pra falar mal de uma e bem de outra. Toda terça-feira estamos no Moinho da Estação, às 19h”, convida.

 

Cidadão Caxiense

Pela atuação na área da saúde e os cuidados com as crianças da cidade, em 2018, o médico foi agraciado com o título de Cidadão Caxiense. “Eu gosto muito de Caxias., A cidade me recebeu muito bem e eu sou muito grato. Quando veio esse título da vereadora Paula Ióris, para mim foi uma surpresa muito agradável. Foi muito emocionante. É impactante receber essa homenagem. Esse título está lá na parede do consultório”.

 

Família

Há 36 anos, Carlos Gandara e Mariângela Moschen se conheceram ainda na faculdade de medicina. Da união, nasceu a filha Maria Eduarda. “Fomos colegas de turma e somos o único casal que nasceu da turma. É o amor da minha vida. A Mariângela me apoia muito”.

Da união com a também médica Mariângela, o casal teve a filha Maria Eduarda. “A Maria Eduarda é o raio de sol na minha vida. Ela é um pouquinho de mim e um pouco mais da mãe. È lindo ver os filhos crescerem e terem suas opiniões. Ela é minha vida”.

 

Os conselhos para a vida

Filtrar as emoções diante das dificuldades é um dos maiores desafios de um médico. “A gente tem que dizer coisas muito difíceis para um pai e uma mãe. A primeira coisa é se colocar no lugar deles e pensar em como gostaríamos de receber aquela notícia. Felizmente a pediatria é feita muito mais de alegrias do que de tristezas”, finaliza o Dr. Carlos Gandara.

 

 

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