“Não acreditem no canto da sereia de que as coisas vão melhorar”, diz reitor da UFRGS sobre educação no governo Bolsonaro
Rui Oppermann também falou sobre as discussões a respeito do programa Future-se
Foto: Divulgação
A declaração do reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Vicente Oppermann, foi feita durante entrevista no programa Conectado da Tua Rádio São Francisco, nesta quinta-feira (22). Além de alertar a comunidade para que não se iluda com promessas do governo Bolsonaro, Oppermann cobrou respeito às Universidades: “Dizer que a população não acredite no canto da sereia de que as coisas vão melhorar por isso ou por aquilo. As universidades federais são um patrimônio de todos nós e devem ser defendidas como tal. E é por isso que a UFRGS, há 85 anos, presta serviços à nossa comunidade”.
O reitor também expressou preocupação com a continuidade das atividades da instituição devido à decisão do governo Federal de congelar 30% dos recursos que seriam repassados às universidades este ano. “A situação é muito grave. Nós estamos sem indicativo de uma liberação de recursos para custeios, para as despesas do dia a dia como energia elétrica, água, segurança e limpeza. O ministro [da educação, Abraham Weintraub] teve uma reunião na semana passada com a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), e disse que há a possibilidade de que em setembro pudesse ser feita a liberação de recursos. A nossa dificuldade é chegar até setembro, porque estamos zerados em caixa", salienta.
Outra dificuldade apontada por Oppermann, é a captação de recursos para a conclusão de obras como o prédio onde será instalado os serviços de assistência básica de saúde, necessário para a qualificação do ensino dos alunos de medicina. "Desde que esse governo assumiu nós não tivemos nenhuma liberação de recursos e nós estamos na iminência muito trágica de parar a obra. Estive com o ministro na semana passada e ele negou a liberação de qualquer recurso por parte do MEC e disse que nós temos que buscar esse aporte no Congresso. Ora, a universidade busca recursos no Congresso há muito tempo, o problema é que esses valores vêm de um ano pra outro e nós precisamos do valor até setembro para não paralisar a obra".
Durante a entrevista Oppermann falou sobre as discussões referentes ao Future-se, programa do governo Federal para estimular a captação de recursos privados nas universidades públicas. Conforme o reitor, até o momento foi apresentado somente o anteprojeto da proposta, que ainda não traz os detalhes sobre o funcionamento do programa, o que torna arriscada uma possível adesão. "Há uma sutil diferença em aderir ao Future-se e aderir ao anteprojeto. A nossa comunidade entende que na forma como está colocado o anteprojeto é inviável pois interfere na autonomia da universidade. Não dá para se comprometer". Ele ainda reivindicou que ao invés de criar mecanismos para ingresso de recursos privados nas universidades, o governo possibilite que as próprias instituições gerenciem seus recursos. "O que nós queremos é que a universidade possa fazer a gestão dos próprios recursos. Nós geramos receita aqui e todos os anos o governo sequestra esses valores para pagar outras dívidas, sem que a comunidade se beneficie", declara Rui Oppermann.
Clique aqui para ouvir a entrevista completa com o reitor da UFRGS, Rui Oppermann.
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