Ideia de militares dentro de escolas municipais preocupa Conselho de Educação de Caxias do Sul
Baixar ÁudioConforme a presidente do órgão, proposta veio do Executivo caxiense para colocar um policial militar ou um bombeiro da reserva nos locais
No mês de julho, o recesso escolar é marcado pelo descanso de alunos e da equipe da escola. Porém, no período, a proposta de colocar um policial da Brigada Militar ou um bombeiro da reserva dentro do ambiente acadêmico municipal preocupou o Conselho Municipal de Educação (CME) e de diretores de escolas.
Quem detalhou o assunto foi a presidente do órgão, Glaucia Helena Gomes. Segundo ela, foram chamadas sete escolas para uma reunião com a secretária de Educação (Smed), Marina Mattielo, e o secretário de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS), Ederson Cunha. “No período de recesso escolar, a Smed chamou sete escolas para uma reunião, algumas da Zona Norte, junto com o secretário da SMSPPS, para oferecer a esses locais um policial da Brigada Militar ou um bombeiro, que fossem da reserva, para cuidar da parte disciplinar dos alunos e realizar atividades cívico-militares. As escolas tiveram 15 dias, o que corresponde até o meio de agosto, para dar uma resposta (para aceitar ou não a ideia).”, detalhou Glaucia.
Dessa reunião, participaram os gestores das escolas municipais Angelina Comandulli, Dolaimes Stédile Angeli, Machado de Assis, Guerino Zugno, Paulo Freire, Rubem Bento Alves e Tancredo Neves. Conforme Gláucia, os diretores não receberam algo por escrito, afirmando que o Município deixou de apresentar documentalmente a proposta de trabalho. “Depois da reunião, os diretores procuraram o Conselho, querendo saber se a gente estava por dentro dessa ideia ou se de fato existe um projeto para isso. Essa dúvida se deu por conta que, no momento da conversa, não foi nada entregue por escrito, não se sabia o objetivo, se era por convênio ou por quanto tempo ficariam nas escolas. O detalhe da proposta não chegou aos colégios.”, revelou.
Ela ainda comenta que o conselho está preocupado com a situação. “Preocupamos-nos com essa situação, porque sabemos que o nosso governo municipal é alinhado com o governo federal. Já existe uma proposta a nível nacional de militarizar cerca de 130 escolas neste ano e, mais uma vez, isso nos aflige.”
Para a presidente, aceitar essa iniciativa seria prejudicar profissionais que já atuam em algumas escolas municipais: o auxiliar de disciplina. “São aqueles que circulam nos corredores, que tomam conta dos alunos e cuidam da parte interna da escola. No momento que essas instituições aceitarem a presença de militares da reserva, elas perderiam esse profissional (auxiliar de disciplina).”, avaliou a presidente.
Ela ainda ressalta que o contato de estudantes com figuras militares dentro de uma instituição de ensino pode gerar um ambiente repressivo. “Se tem algum estudante que teve o pai preso ou que o irmão foi abordado pela polícia, já fica essa visão de repressão por parte deles. E nós, da escola, procuramos trabalhar com a construção da convivência, de sociedade e de mediações de conflito. Penso que os estudantes não se sentiriam confortáveis com a figura de um militar ao redor deles, porque vão associar com a questão da repressão.”, comentou Glaucia.
A reportagem ainda procurou a secretária de Educação para um contraponto. Conforme assessoria de imprensa do Executivo, a gerente da pasta só vai se pronunciar sobre o tema quando ocorrer definições desse projeto.
(Ouça a notícia abaixo do título da matéria).
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