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Casal pioneiro em Guaporé colhe frutos positivos

por Eduardo Cover Godinho

Silvio Bedin e Mari Teresinha Maule abraçaram a proposta, com afeto e carinho, e estão dando novas esperanças de vida às crianças

No lar da Família Bedin, crianças recebem atenção especial de todos
Foto: Arquivo Familiar

Amor. Afeto. Carinho. União. Respeito. As palavras, apesar de pequenas no tamanho, representam muito e são extremamente importantes para que as famílias possam se desenvolver harmoniosamente. Em muitos lares, não precisamos nos reportar para as grandes cidades onde as mazelas e a degradação humana estão em cada esquina, não há, sequer entre pais e filhos, um abraço carinhoso e até mesmo gestos e palavras que comprovem o amor. O corre-corre diário, a busca pela felicidade (estabilidade) econômica, as novas tecnologias, a violência e as drogas, estas em especial, tem afastado cada vez mais a convivência fraterna entre familiares e amigos. O resultado: crianças, jovens e adultos literalmente jogados na vida, sem rumo, ou buscando perspectivas, em um túnel sem saída, para um futuro melhor.

Buscando manter viva a esperança de tempos com mais paz e principalmente amor entre os seres humanos, a juíza Dra. Renata Dumont Peixoto Lima, da vara da Infância e Juventude de Guaporé, com o respaldo da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS), lançou oficialmente no mês de julho o projeto “Padrinhos”, programa Apadrinhamento Afetivo. O objetivo é levar esperança de uma vida melhor para crianças e adolescentes que enfrentam situações complicadas, como falta de amparo e rejeição, em seu ambiente familiar. Elas vivem em situação de acolhimento institucional e o programa busca, através de padrinhos/madrinhas, uma relação de afeto, de respeito e de cuidados ao público infanto-juvenil. O casal, professor universitário (UPF/Passo Fundo) Dr. Silvio Bedin e sua esposa a advogada e professora universitária (UCS) Dra. Mari Teresinha Maule, colocaram-se à disposição da magistrada, no começo de 2016, para o desenvolvimento desta nova experiência. Eles são os pioneiros no projeto “Padrinhos” e a convivência durante os cerca de 20 encontros com os afilhados, crianças que vivem na Casa de Acolhimento, trouxe novos ares para o lar do casal.

“Tivemos um acolhimento grande por parte da Dra. Renata no início do ano quando aceitamos o desafio de seremos os primeiros desenvolvedores do projeto “Padrinhos”. O percurso que trilhamos é considerável e nos faz dizer que está valendo a pena”, destacou Bedin.

As crianças, que são semanalmente acolhidas por Bedin e Mari, juntamente com seus filhos Marcos e Mariana Luiza, passam momentos alegres, descontraídos, com muito amor, carinho, respeito e educação, que ficaram registrados em suas memórias. A convivência é fraterna e as crianças, que não terão suas identidades reveladas, são tratadas como integrantes natos da família.

“Temos atividades profissionais intensas, mas quando chega o final de semana a gente vem com alegria porque temos a possibilidade de acolher em nossa casa essas crianças. Sabemos que eles com ansiedade também aguardam esse momento. A convivência é a possibilidade de nós, como casal, não endurecermos, mas sim, de nos sensibilizarmos com os outros que convivem ao nosso lado, como essas crianças. A nossa sociedade materialista nos convida e ilude a um caminho do endurecimento, sendo fácil encontrarmos razões para justificar a desgraça dos outros. É preciso abandonar esse pensamento. É preciso de um outro olhar. E o convite é para que possamos, nós como sociedade madura, olhar para as crianças e adolescentes que não têm culpa do que fizeram com elas. Nós temos uma responsabilidade”, afirmou.

Bedin ainda ressaltou: “se a gente se abrir, não somente com discursos, mas ações e atitudes, de fato poderemos dizer: ‘eu estou fazendo a minha parte’. Se conseguirmos desenvolver e colaborar com as Instituições poderemos fazer com que estas crianças e adolescentes enxerguem o outro lado da vida”.

Mari Teresinha Maule, afirmou que o projeto “Padrinhos”, tem possibilitado a construção de novos vínculos afetivos. O processo de socialização das crianças e adolescentes é lento, porém, recompensador para os dois lados. Os assistidos passam a ter uma nova perspectiva de vida, enquanto os padrinhos/madrinhas recebem e distribuem amor.

“Dar amor, dar um abraço, um carinho é primordial. Se no seu devido tempo não proporcionarmos isso, não podemos cobrar que o cidadão contribua com a sociedade. É muito fácil à distância fazermos referência às crianças em situação de abandono. O desafio é trazermos para perto de nós aqueles que não tiveram a oportunidade de ter um pai, uma mãe para dar um carinho”, disse.

Fornecer aos afilhados a chance de livrar-se da revolta, sensação de abandono, agressividade e outros problemas que rondam aqueles que são privados de carinho, atenção, respeito e oportunidades são responsabilidades encaradas durante o convívio, destacou Mari.

“O contribuir financeiramente é bom, mas contribuir com o carinho é perfeito. Trazer o abraço é um desafio para nós. O dia que recebemos os afilhados é para eles. Abrimos mão de tudo. Fizemos questão que os nossos filhos convivessem com as crianças e mostrassem para eles como é a convivência familiar. Para os que tiverem amor, carinho e afeto, este projeto é maravilhoso para podermos construir uma sociedade melhor”, afirmou.

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