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Embrapa alerta sobre cuidados com as videiras

por Maria de Fátima Zanandrea

Ciclo vitícola 2015/2016 caracterizou-se pela incidência de fatores de estresse

Quebra na safra foi de 65%
Foto: João Carlos Romanini/CR

O ciclo vitícola 2015/2016 vem sendo caracterizado pela incidência de fatores de estresse para a videira na maioria das regiões produtoras, os quais têm gerado preocupações para técnicos e produtores, redução na produtividade dos vinhedos, aumento do custo de produção e prejuízos à qualidade da uva e seus derivados.

Inconstância e poucas horas de frio durante o período de dormência, geadas tardias, excesso de chuvas, períodos prolongados de baixa radiação solar, além de granizo em alguns pontos, foram alguns dos fatores que geraram limitações ao cultivo da videira durante este ciclo.

Destacam-se às adversidades climáticas deste ciclo (de abril a dezembro de 2015, tendo como referência as variáveis meteorológicas observadas na estação meteorológica instalada na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves.

Para orientar o produtor, os pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho Alexandre Hoffmann, Lucas da Ressurreição Garrido e Maria Emilia Borges Alves elaboraram a cartilha que trata do manejo das videiras para o final do ciclo.

 

Adversidades

A primeira adversidade refere-se à temperatura durante o inverno/horas de frio. A ocorrência de temperaturas mínimas médias mais elevadas do que as normais ocasionaram menor acúmulo de horas de frio (HF) abaixo de 7,2 °C, no período compreendido de abril a setembro, atingindo um total acumulado de 140 horas, enquanto o normal seria de 409 HF < 7,2 °C.

A segunda adversidade é a chuva. Em média, na Serra gaúcha, principal região produtora, a precipitação foi de 1.649 mm, cerca de 24% acima do normal para a região. A terceira são as geadas tardias, ocorridas nos dias 11 e 12 de setembro de 2015. Elas impactaram diretamente na queima e supressão da produção das primeiras brotações

A quarta adversidade é o granizo. O fenômeno ocorreu no início do ciclo, com intensidades e danos variados, conforme a localidade

Ciclo

A quinta refere-se às temperaturas acima da média durante o ciclo. As temperaturas médias se mantiveram acima das normais praticamente durante todo o ano, especialmente para as temperaturas mínimas médias, dando destaque ao recorde de temperatura observado no mês de agosto, quando as temperaturas médias observadas foram as maiores desde 1940, de acordo com os registros da Área de Agrometeorologia da Embrapa Uva e Vinho.

Este cenário, como consequência, se refletiu em fatores climáticos que impactam o potencial de produção e o ciclo fenológico das videiras e demais fruteiras de clima temperado.

Luz

A sexta adversidade é o excessivo número de dias nublados, o que implicou na redução da insolação (nº de horas em que a luz do sol incide na superfície da Terra). No acumulado do período, esteve 30 % abaixo do normal. Por sua vez, também, a incidência de radiação solar foi 17% menor, ao longo do ciclo

Essas adversidades trouxeram consequências importantes, gerando estresses bióticos (gentes como insetos-praga, fungos, bactérias, vírus e nematoides ) como a maior ocorrência de doenças e pragas, perdas de produtividade e de qualidade da uva.

 

Problemas do ciclo

Os principais problemas apontados pelos pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho são a quebra significativa na safra 2015/2016 de uvas para processamento; a baixa produtividade em parte dos vinhedos de uvas precoces, na Serra gaúcha.

A esses somam-se a insegurança quanto à expectativa da safra seguinte, aumento do custo de produção e dos gastos do viticultor quanto ao seguro agrícola; o maior consumo de fungicidas, além de plantas mais suscetíveis às doenças.

Os vinhedos de uvas americanas foram desfolhados logo após a colheita da safra 2014/2015. Os períodos de estresse hídrico no final da safra 2014/2015 também contribuíram.

Houve ainda menor número de horas de frio no inverno, maior incidência de geadas tardias no início da safra em alguns vinhedos; alta frequência de precipitações na safra 2015/2016 e alta incidência de fungos fitopatogênicos.

Registrou-se ainda períodos de baixa radiação solar, tecnologia de aplicação deficitária e plantas “intoxicadas” pelo elevado número de pulverizações e misturas de tanque.

 

Embrapa recomenda na pós-colheita

Recomendações (março a maio)

1) Pulverização com calda bordalesa para o controle do míldio tardio;

2) Pulverização com fungicidas triazóis para o controle da mancha das folhas nas uvas americanas; uma aplicação a cada 15 dias (3x) para a manutenção da viabilidade e sanidade das folhas até maio. Nas cultivares que não apresentam sintomas de fitotoxicidade, (ex. Isabel), pode ser usado enxofre ao invés de triazóis

 

Pré-poda (só a partir de maio)

1) Retirar os ramos secos da planta. Podar até encontrar o tecido interno sadio (verde) sem apodrecimentos. Efetuar o pincelamento de tinta látex + Score ou pasta bordalesa para proteção;

2) Durante o período de dormência realizar a pulverização do tronco, ramos e gemas com calda sulfocálcica 4 Bé, para redução de inóculo dos patógenos presentes na safra anterior;

3) Retirada de todos os restos culturais como ramos, cachos mumificados e troncos do solo dos vinhedos. Efetuar a queima ou compostagem. Não deixar nas proximidades do vinhedo, pois será fonte de inóculo das doenças na próxima safra

Ciclo (junho-março)

1) Após a poda efetuar o tratamento dos cortes com fungicida triazol, Trichoderma, pasta bordalesa ou tinta látex

2) Adubação equilibrada orientada a partir de uma análise de solo recente e bem amostrada. Não é o excesso de adubos que irá recuperar as plantas, mas sim a disponibilidade equilibrada de nutrientes. O excesso de um elemento pode ocasionar a deficiência de outro, prejudicando o metabolismo interno da planta e aumentando a suscetibilidade a doenças, dentre outros problemas.

3) Evitar excessos de adubos ou de cama de aviário;

4) Racionalizar as pulverizações para não tornar as plantas extremamente dependentes de produtos químicos

Para saber mais: Embrapa Uva e Vinho – rua Livramento, 515. 95700-000 – Bento Gonçalves. Telefone (54) 3455 8000.

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