Diagnóstico aponta condições de trabalho nos engenhos de arroz no estado
O resultado da pesquisa foi apresentado em audiência pública realizada na sede do Sindicato da Alimentação de Pelotas
O barulho excessivo e a poeira estão entre os fatores que mais prejudicam os trabalhadores nos engenhos de arroz no Rio Grande do Sul. O dado faz parte do Diagnóstico sobre Condições de Trabalho nos Engenhos de Arroz (Diga), resultado de uma pesquisa realizada nas cidades de Pelotas, Alegrete, São Gabriel, Dom Pedrito, Bagé e Camaquã, que entrevistou 15% dos trabalhadores do setor no estado.
A pesquisa, uma parceria da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (CNTA), o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Pelotas (STICAP) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), também aponta que 34,5% dos funcionários relatam não ter recebido treinamento adequado para operação de equipamentos considerados perigosos, mas 61,7% dos empregados entrevistados afirmaram fazer uso desses equipamentos.
O relatório também diz que a musculatura dos trabalhadores (principalmente coluna, cabeça, pescoço e ombros) tende a sofrer lesões por conta do ritmo acelerado, movimentos repetitivos e pelo peso que carregam.
De acordo com o sindicato, os engenhos de arroz foram escolhidos como alvo da pesquisa por representarem o maior número de mortes durante a atividade profissional em relação a outros setores da alimentação. Além disso, os funcionários de arrozeiras são os que mais procuram entidades sindicais com doenças como a Lesão por Esforço Repetitivo (Ler) e surdez.
O resultado da pesquisa foi apresentado numa audiência pública realizada na última quinta-feira (14 de abril) na sede do Sindicato da Alimentação de Pelotas, e contou com a participação do Superintendente Regional do Trabalho no RS, Cláudio Pereira, e do Auditor Fiscal Márcio Rui Cantos, da GRTE de Pelotas.
Segundo o Superintendente Cláudio Pereira, os dados fornecidos pelo relatório podem auxiliar na fiscalização das condições de trabalho dos empregados no setor da alimentação. “O relatório nos fornece dados concretos para a programação de ações articuladas entre os órgãos de fiscalização e as entidades sindicais de trabalhadores e patronais que venham a melhorar as condições de trabalho dos empregados nas indústrias de alimentação do Rio Grande do Sul”, pontuou.
Para o Superintendente, o setor é de extrema importância para o desenvolvimento do RS. “O setor arrozeiro do Rio Grande do Sul tem importância econômica e social muito grande para o nosso estado, visto que gera ao longo de sua cadeia milhares de emprego. Além disso, gera arrecadação de impostos e garante o abastecimento de mais de 60% do arroz comercializado no Brasil”, complementou.
Também estiveram presentes na audiência o Procurador Alexandre Ragagnin, do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Pelotas, a Procuradora Rúbia Vanessa Canabarro, também do MPT de Pelotas, e Ricardo Garcia, Procurador do Trabalho e coordenador estadual do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos.
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