Lideranças da Serra defendem manutenção de taxas para barrar importação de alho
Presidente de Associações de produtores afirma que sem barreiras, produção local se torna inviável
Uma audiência pública que será realizada nesta segunda-feira, 17/4, no Ministério da Indústria, Comércio e Relações Exteriores, em Brasília, vai discutir a retirada da taxa antidumping e do índice de 35% de Tarifa Externa Comum (TEC) para o alho importado principalmente da China. Segundo o presidente das associações Nacional e Gaúcha de Produtores de Alho, Olir Schiavenin, a produção fora do Brasil é altamente subsidiada e o baixo valor do produto sem as taxações poderia inviabilizar a produção nacional.
Conforme Schiavenin, a intenção é levar representantes de produtores para a audiência. Ele afirma não entender porque de tempos em tempos o governo quer dificultar o trabalho dos produtores brasileiros.
O Brasil compra volumes expressivos de alho chinês desde o início dos anos 2000. Só no ano passado, quase 100 mil toneladas foram embarcadas da região de Shandong, a maior produtora de alho do mundo, no leste da China, para o Brasil. Desde o fim do ano passado, porém, os volumes crescem por uma questão jurídica: importadores têm conseguido liminares que os liberam do pagamento da tarifa antidumping imposta ao alho chinês, que é mais barato que o nacional.
“Há uma onda de liminares que questionam a classificação do alho chinês. O governo já tentou esclarecer, mas juízes continuam concedendo liminares”, lamenta o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Rafael Corsino. A entidade tem ido à Justiça para tentar derrubar as decisões, mas a estratégia não tem sido bem-sucedida.
Os produtores temem que, com o avanço das liminares, a presença do produto importado cresça ainda mais. “A produção chinesa vai aumentar este ano e há expectativa de que, com a liminar, custará perto de R$ 50 por caixa. O custo para produzir no Brasil é de pelo menos R$ 80”, diz Corsino, ao explicar que não é possível competir com o alho sem antidumping. “Seria um desastre para os produtores nacionais. ”
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