A colheita da safra da uva 2018 deve encerrar nos próximos dias. Segundo a Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa), o principal motivo para a antecipação do fim da safra é a temperatura atípica do último inverno, que registrou apenas 188 horas de frio, sendo que a média anual é de 405 horas. A estimativa é de uma queda de 15 a 20% na colheita comparada a 2017, quando houve uma supersafra.

Conforme o titular do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, devem ser colhidos 65 milhões de quilos da fruta nos 3.550 hectares plantados no município. “Algumas variedades cultivadas permaneceram com a mesma quantidade que o ano passado, mas o grande impacto se deu por causa da menor produção da uva Isabel, que possui mais expressão em nível regional”, explicou.

Ele ainda explica que algumas variedades quase não sofreram impacto da ausência de frio, como a Niágara, e por isso a colheita deve ter um resultado dentro do normal. Apenas 2% das frutas ainda não foram colhidas, número que, segundo Rudimar, se relaciona às uvas finas in natura. Cada variedade necessita de uma quantidade de frio abaixo de sete graus. Niágara e Bordô são as que precisam de menos horas de frio para que não haja quebra de safra, ao contrário da Cabernet, que necessita de pelo menos 400.

De acordo com o agrônomo e viticultor Maicon Tonet, a antecipação da colheita causou uma pequena quebra na produção, mas não prejudicou o sabor da fruta. “Quando há uma produção mais estável, o resultado final dos produtos é melhor. Porém, as temperaturas mais altas não impactaram no nível de doçura e na sanidade das uvas. Afinal, quanto mais luz do sol, mais doces são as frutas. Então foi possível sim produzir ótimos vinhos”, esclareceu.