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Pesquisa desenvolve novos tipos de erva-mate

por Felipe M. Padilha

O estudo promete revolucionar o cultivo da erva-mate na região Sul e no Mato Grosso do Sul

Clone: Embrapa implanta experimentos em quatro estados e novidade deve revolucionar consumo
Foto: Divulgação/CR

Escolher no supermercado a erva-mate ideal para cada paladar: mais suave, mais amarga, com mais cafeína, mais antioxidantes. Isso já é possível graças à pesquisa inédita da Embrapa Florestas, sediada em Colombo, no Paraná. O estudo promete revolucionar o cultivo da erva-mate na região Sul e no Mato Grosso do Sul, estados produtores de erva-mate no Brasil.

Os primeiros clones são implantados graças ao convênio de cooperação entre a instituição de pesquisa e entidades representantes do setor. No Rio Grande do Sul acabam de ser implantados três experimentos, sendo  um em Áurea e dois no município de Ilópolis.

São progênies de primeira e segunda geração e de teste clonal (ver quadro). “Pode-se avaliar materiais de diferentes graus de melhoramento em uma mesma área, sem, contudo, ampliar a necessidade de áreas para o experimento”, explica o coordenador da pesquisa Ivar Wendling.

Serão também implantados progênies de primeira geração, seis no Rio Grande do Sul, duas em Santa Catarina, três no Paraná e uma no Mato Grosso do Sul); e progênies de segunda geração, 15 no total.  Para exemplificar: os materiais nativos do RS serão avaliados no RS, em SC, no PR e em MS e assim por diante.

“Os mesmos materiais genéticos, as mesmas plantas estão sendo avaliados em todos esses locais”, reforça Wendling. “Nesses, a Embrapa estará estudando a sobrevivência, o crescimento, a qualidade para o tipo de bebida”, emenda. O objetivo é separar as plantas de acordo com o potencial de cada uma, dentro de cada região produtora.

Quando catalogadas será possível fazer a duplicação de acordo com a característica desejada. O trabalho a campo vai impactar diretamente no sabor e na qualidade da bebida, o chimarrão, e nos derivados da erva-mate. A Embrapa estiva que a novidade deve chegar ao consumidor dentre de oito anos.

Para o Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), a iniciativa representa uma revolução nos cultivos. “Esses experimentos possibilitam testar materiais de diversas regiões produtoras do Brasil para saber quais se adaptam, que tipo de produto gerarão etc”, observa o diretor-executivo do Ibramate, Roberto Ferron.

Em breve, diz Ferron, o RS terá as árvores-matrizes catalogadas, registradas e estudadas. “Assim, poderemos produzir os clones em nossos polos regionais ervateiros”, adianta. “Esse é mais um passo gigantesco para o setor produtivo agrícola e industrial da erva-mate no país”, conclui.

Curitiba debate modernização no cultivo e diversificação no uso

De 5 a 7 de outubro de 2016, acontece em Curitiba, o Seminário Erva-mate XXI: modernização no cultivo e diversificação do uso da erva. O evento vai reunir a cadeia produtiva do setor para discutir inovação e diversificação no uso dessa planta nativa que hoje é cultivada por mais de 180 mil produtores rurais.

Bastante consumida na forma de chimarrão e chá, em especial nos estados do Sul do país, a cada dia aumenta o interesse do mercado internacional pelas propriedades da erva-mate, como teor de cafeína, teobromina e saponina. “Temos amplo espaço para ocupar neste mercado, mas também podemos desenvolver produtos tendo a erva-mate como matéria-prima” diz Ives Goulart, analista da Embrapa Florestas.

Historicamente, a erva-mate tem sido fundamental para a economia de muitos municípios. Atualmente, é o principal produto não madeireiro do agronegócio florestal na região Sul. O setor ervateiro, que já teve um ciclo econômico no qual era chamado de Ouro Verde, passou por longo período de estagnação, com consequente queda nos investimentos e no desenvolvimento de tecnologias.

Hoje, embora sem retomar as dimensões do passado áureo, o mercado ervateiro vem mostrando reação positiva e a descoberta do potencial da erva-mate pelo mercado internacional se mostra uma oportunidade de retomada de crescimento do setor.

Verde - O Brasil produz cerca de 860 mil toneladas de erva-mate verde. Países vizinhos também cultivam a planta. A Argentina responde por 690 mil toneladas e o Paraguai, 85 mil toneladas.

Aproximadamente, 80% da produção brasileira destinam-se ao mercado interno, sendo que 96% são consumidas como chimarrão e 4% na forma de chás e outros usos. “Por se tratar de uma planta cuja composição química possui compostos de interesse e propriedades benéficas ao organismo, podemos vislumbrar muitas aplicações, ampliar o mercado e também a aumentar o valor agregado do produto”, enfatiza Ives.

Central de Conteúdo Unidade Tua Rádio São Francisco

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