A saudade do vivido e do não vivido disputam por espaço no nosso íntimo.  Mostram-se presentes em nossas vidas, ocupam um lugar das recordações boas que tivemos ou das que gostaríamos de ter vivido, mas que não desfrutamos da possibilidade de experimentá-las.

A saudade do que vivi ontem, hoje aparece nas lembranças que seguem a me acompanhar junto ao tempo; guardadas em um compartilhamento especial dentro do meu ser, relembrando a história construída. Recordações que correm em nossa mente, encontrando goles da mais pura vida a nos acalmar e descansar em nosso íntimo.

A saudade do não vivido é a saudade do planejado e nunca concretizado. Aparece pelo desejo de ter presente aquela lembrança, ou que aquela saudade seja possível. É a saudade que se constrói no vazio do não vivido. É olhar para o horizonte e querer ardentemente que aquilo possa existir em alguma camada da consciência, no pensamento ou no sentimento, ou simplesmente num passado remoto ou num futuro planejado.

Saudade dos encontros... Saudade de se encontrar... Emocional ou fisicamente com o outro... Saudade de percorrer a estrada da vida como alguém comum que vive afetos a se integrar, tristezas e alegrias a compartilhar.

Numa longa viagem, ouvi de alguém especial: “A saudade me mata. Preciso matar o que me mata, a saudade”.  Essas palavras ficaram ressoando no meu ser, querendo encontrar o seu lugar. Sim, eu também sentia aquela saudade que me fazia perceber muitas setas apontando para diferentes direções. Precisava compreendê-la e acolhê-la. Era a maneira que via de passar por dentro dela e de me reconstruir fortalecida.