Graduação e pós: privilégio de poucos
Um curso de graduação e pós-graduação voltou a ser privilégio no Brasil. Com o congelamento dos gastos públicos com a educação, milhões de brasileiros deixaram de frequentar o ensino superior em 2017. Em atual tendência nos próximos 20 anos o número de universitários será reduzido de forma drástica. Certamente daqui a duas décadas faltarão profissionais capacitados no Brasil.
A causa deste problema futuro para o Brasil tem pais e sobrenome. Os verdadeiros pais são a Câmara dos Deputados e o Senado, que aprovaram a emenda constitucional que criou um teto dos gastos públicos. O sobrenome deste problema se chama PEC 241 ou 55. Durante os próximos 20 anos os gastos com educação, saúde, lazer, cultura, infraestrutura, moradia, segurança e assistência social ficarão congelados. Os únicos partidos que se opuseram ao congelamento foram PT, PSOL e PCdoB. As demais agremiações partidárias aprovaram a emenda constitucional proposta pelo governo.
A emenda constitucional congelou o orçamento público somente para as referidas áreas. Em contrapartida, o orçamento dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário - será reajustado anualmente. A medida constitucional aprovada em 2016, e que entrou em vigor em 2017, já produziu resultado preocupante ao futuro da nação. O primeiro resultado foi a redução do número de universitários. Atualmente em universidades privadas 45% das vagas são ociosas e nas públicas o número é de 40% de ociosidade. Em 2017 cinco milhões de universitários abandonaram a universidade. Para 2018, 45 milhões de jovens brasileiros de 18 a 25 anos estarão fora de uma sala de aula.
O resultado desta política nefasta do governo federal às universidades públicas e privadas foi terem entrado num processo de demissão de professores e servidores. Em dezembro de 2017 o Centro Universitário UniRitter, de Porto Alegre, demitiu 127 professores. Demissões estas confirmadas pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS). Acresce ao péssimo resultado do congelamento orçamentário para a educação o fato das universidades estarem sofrendo arbitrária ação da Polícia Federal. Na Universidade Federal de Minas Gerais o reitor Jayme Arturo Ramírez e outros funcionários da instituição foram levados coercitivamente para a prisão. A ação da Polícia Federal na Universidade de Santa Catarina culminou com a morte do reitor Carlos Cancellier.
Em reação à política do governo e ação da Polícia Federal em universidades, a União Nacional dos Estudantes (UNE) divulgou nota de repúdio: “é preciso enfrentar esta campanha de desmoralização das universidades. As operações tentam sensibilizar a opinião pública de que as universidades públicas estão imersas numa lama de corrupção para justificar sua privatização e a cobrança de mensalidade proposta pelo Banco Mundial”. Muitos intelectuais, como o cientista político e professor da Universidade de São Paulo (USP) André Singer, denunciam: "é óbvio que estamos diante de uma ação orquestrada e arbitrária, usando os mecanismos de exceção abertos pela conjuntura política, com o objetivo de desmoralizar o sistema público de ensino superior no Brasil".
Fica notório que o governo federal articulado com os setores dominantes e conservadores do Brasil e pela Operação Lava Jato visam através de emendas constitucionais e ações coercitivas levarem ao sucateamento das universidades em prol da privatização do ensino superior. Certamente, o abuso cometido contra as universidades brasileiras tem por finalidade privatizar o ensino e elitizar uma classe privilegiada. Na real, graduação e pós-graduação viraram privilégio de poucos, à grande maioria resta a ignorância científica. Isto significa que o futuro do país será de benesses aos abastados e sacrifícios aos desfavorecidos.
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