Ela continuava agradando a todos, que passavam por ela, para ter um lugar de valor junto a eles. Mal sabia ela que esse sentimento poderia estar dentro dela...

Se penalizava e bajulava acreditando que só assim gostariam dela; pensava e fazia o que o outro lhe empurrava para realizar, ou que ela própria se determinava fazer em prol de algo que não entendia muito bem...

Fazia tudo que lhe diziam, tudo que imaginava que pudesse cativar o outro. Acolhia verdades como se fossem suas e nem percebia onde estava escondendo as próprias...

E assim seguia, fazendo tudo que lhe solicitavam, se desvelava em cuidado, sorria e entristecia, conforme lhe indicavam com o olhar ou com palavras para fazer, refazer ou transformar... tudo que no seu caminho se apresentava era direcionado pelo outro...

Não tinha voz na sua própria vida. Não sabia direito o que pensar, nem como se direcionar. Nem ao menos apareciam interrogações; acreditava estar no caminho certo, fazendo o correto, pois era o melhor que poderia fazer, foi assim que aprendeu...

Seguir no automático parecia simples, acreditava que não precisava esforço nenhum para fazê-lo... não parava para pensar, como de uma nova maneira, poderia se direcionar.

Se acostumou a não contrariar, as vezes não sabia por onde seguir e ficava confusa pisando por longo tempo no mesmo lugar.

Mergulhou fundo nos seus aprendizados, quando caiu dentro deles. Ali pode se enxergar, e perceber que a sua voz não falava dela, mas de um triste se deixar guiar. Precisou reaprender a se olhar e a se direcionar... mas antes disso aprendeu a se amar, bem como navegar por todas as curvas de seu caminho em que se pôs a se deslocar...