Amazônia clama por socorro mundial
Em julho deste ano o crescimento do desmatamento na Amazônia chega a 278% em comparação com o mesmo mês de 2018. Nada menos que uma área de 2.254,9km quadrados. Já o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles diz que os números do desmatamento são sensacionalistas. Em contrapartida, o Sínodo para a Pan-Amazônia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em outubro, levará ao mundo a gravidade do problema da Amazônia.
A área da Amazônia Legal inclui noves estados brasileiros: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, e parte de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Além do Brasil o território Pan-Amazônia compreende os países da Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname. A taxa de crescimento do desmatamento na Amazônia divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) suscita uma reação e uma forte preocupação mundial. O Inpe, instituto que monitora e gera taxas do desmatamento da Amazônia, alerta que no mês de julho a devastação da área foi quatro vezes maior que a de junho, quando a área devastada foi de 931,6 Km quadrados. O coordenador técnico do Observatório do Clima e coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, alerta que houve o desmatamento de uma área de 35 km² em Altamira, no Pará, onde 1,5 milhão de árvores foram cortadas em três meses. Já para o presidente da república e o ministro do Meio Ambiente as informações do Inpe são sensacionalistas e estaria a serviço das ONGs. No entanto, as imagens realizadas por satélite falam mais do que mil palavras e contradizem o presidente e o ministro.
O Sínodo dos Bispos do Brasil com o tema “Amazônia: novos caminhos para Igreja e para ecologia integral” trará em outubro ao conhecimento mundial a real situação. O Sínodo é uma instituição permanente da Igreja Católica criada pelo papa Paulo VI em vista de manter vivo o espírito do Concílio Vaticano II. Assim, através do Sínodo a Igreja reflete os problemas do mundo e da sociedade. Por conseguinte, através da colegialidade a Igreja indica soluções pastorais para o enfrentamento das situações difíceis da humanidade, dos povos, como as questões ecológicas e ambientais.
O objetivo do Sínodo para a Pan-Amazônia está nas palavras do papa Francisco: “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta. Que os novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.
Conforme o Documento Preparatório, o Sínodo visa conhecer a riqueza do bioma, os saberes e a diversidade dos Povos da Amazônia, especialmente dos povos indígenas, suas lutas por uma ecologia integral, seus sonhos e esperanças; reconhecer as lutas e resistências dos Povos da Amazônia que enfrentam mais de 500 anos de colonização e de projetos desenvolvimentistas pautados na exploração desmedida e na destruição da floresta e dos recursos naturais; conviver com a Amazônia, com o modo de ser de seus povos, com seus recursos de uso coletivo compartilhados num modo de vida não capitalista adotado e assimilado milenarmente; defender a Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios, injustiçados, expulsos de suas terras, torturados e assassinados nos conflitos agrários e socioambientais, humilhados pelos poderosos do agronegócio e dos grandes projetos econômicos desenvolvimentistas.
Certamente, os dados do Inpe mostram que a Amazônia clama por socorro mundial e planetário. Nesta luta por um ecossistema íntegro e integral, a Igreja tem sido pioneira e profética.
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