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O ponto de vista do Leão

por Central de Conteúdos da Rádio Garibaldi

Texto e áudio de Frei Aldo Colombo no programa Pensando Bem

A floresta viva numa crise sem precedentes e, por isso, criou-se um consenso: era preciso fazer alguma coisa. Criou-se uma Frente Nacional e o leão foi aclamado como líder. Ele garantiu que o amor seria a base de seu governo. O leão explicava: o amor é fundamental; o amor é tudo.

Sem amor, explicava, as criaturas se tornam más. E por isso temos de acabar com os maus. Eu odeio os maus e vou castigar e mesmo matar os maus. E, empolgado, garantia: precisamos eliminar da face da terra, sem dó nem piedade, os maus, os intolerantes, os fanáticos e os que não amam.

Seu primeiro decreto foi no sentido de eliminar todas as armas. Os animais deveriam abandonar as garras, o bico, os dentes afiados, o veneno, enfim, tudo que podia ser ameaça aos demais. E, do alto do seu poder, o leão determinou que fossem mortos todos os que não cumprissem suas determinações. Assim aconteceria a desejada paz.

Esta fábula se repete com os humano. Vale o ponto de vista do mais poderoso. A partir dai é sempre possível legitimar o ilegítimo, justificar o injusto e tornar legal o que é ilegal. Naturalmente, tudo isto a partir do seu ponto de vista.

No passado existiu uma filosofia chamada maniqueísmo. O mundo estava dividido em duas forças distintas e irreconciliáveis: o Bem e o Mal. Não havia meio termo: os meus amigos, o meu grupo, são bons os outros são maus. Esta tendência, hoje é encontrada em toda a parte, sobretudo nas áreas religiosas e políticas.

A luta entre o bem e o mal acontece também em nosso interior. Paulo apóstolo surpreende quando afirma: “ vejo o bem que quero fazer e não faço e vejo o mal que não quero fazer e faço” ( Rm 7,15 ) E santo Agostinho dizia: tenho medo do homem que leu um só livro. O evangelho garante que o joio e o trigo – o mal e o bem – se misturam e estão dentro de nós. E por isso, o próprio Jesus recomenda: “não julgueis”.( Mt 7,1) e esclarece : com a mesma medida que julgarmos seremos julgados.

São Francisco coloca a base da convivência humana: coloque o irmão em primeiro lugar. Uma lei, para ser justa, deve levar em conta o bem comum; deve contemplar, sobretudo, os mais frágeis.


 

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