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Presença feminina fortalece ideais cooperativistas da Vinícola Garibaldi

por Denise Furlanetto

No Dia da Mulher, elas mostram como a representatividade está presente no dia a dia da empresa

Na busca por construir um mundo melhor e mais justo, o modelo cooperativista encontrou na difusão de valores como a igualdade uma das formas mais eficazes para chegar a esse propósito.
 

Isso explica, em parte, por que mais da metade da força laboral da Cooperativa Vinícola Garibaldi seja formada por mulheres. Outros motivos também ajudam a entender a presença de 117 delas entre os 227 trabalhadores da cooperativa às vésperas da comemoração de mais um Dia da Mulher, lembrado no dia 8 de março. E, neste aspecto, a valorização da mulher e a geração igualitária de oportunidades se sobressaem.
 

Não é apenas entre os funcionários que a presença feminina tem ganhado corpo ao longo dos anos. Dentro do quadro de associados, também é comum enxergar essa representatividade. Hoje, são 82 mulheres associadas à cooperativa, diante de um total de 450 cooperados de 270 famílias. Um dos movimentos de valorização da mulher encontra eco no Garibaldi Mulher. O evento anual já teve nove edições e, além de integrar as participantes, promove conhecimento a elas com palestras sobre o futuro da cooperativa, as novidades no campo e a valorização feminina.


“Tem que partir da mulher procurar o que é melhor para ela”
 

É um reconhecimento que a agricultora e associada Lina Maria Sebben Fabro, do interior de Farroupilha, percebe diariamente no campo e que floresce ainda mais em época de vindima. “Aqui, temos a segurança de entregar nosso produto, de ter assistência técnica e de sermos valorizadas como mulher. Já participei de cursos, fiz viagem técnica e temos o encontro das mulheres (Garibaldi Mulher)”, destaca.
 

Na propriedade em Linha Machadinho, Lina exerce esse conhecimento na prática, demonstrando a versatilidade, a habilidade e a força da mulher do campo. Ela colhe uva, poda videiras, amarra parreiral e até já pulverizou a produção. Se precisar, também conduz o trator pelos oito hectares que a família mantém, dos quais sete são cobertos de videiras que alcançam uma produção de 170 mil quilos anuais. “Tudo são escolhas na vida. Eu gosto de ser mãe, de ser agricultora, é uma escolha que eu fiz. E quando as escolhas são boas para ti, é o que te satisfaz”, diz Lina, associada há cinco anos à cooperativa.
 

Aos 40 anos, casada com o também associado Fabiano e mãe de Thaís, 17, e Caroline, 12, ela integra um núcleo familiar que tem longo histórico com a cooperativa. Seu marido é representante da terceira geração de associado, uma tradição que começou com o avô dele. “Pena que ele não foi um dos fundadores”, comenta, sorrindo. Mas se o avô do marido não foi membro fundador, pode ser que, no futuro, Lina veja a ligação da família com a cooperativa não só continuar, mas ser constituída de outro jeito. “O sonho da Thaís é trabalhar na cooperativa”, diz a mãe, sobre a filha que estuda o curso Técnico em Viticultura e Enologia no campus Bento Gonçalves do Instituto Federal.
 

Assim como ocorreu com Lina na infância, com os pais repassando conhecimento para a lida no campo, a associada também migra essa prática para as filhas de modo natural. O gesto, que começou como uma forma de carinho, tem hoje contornos que podem ajudar na vida futura das filhas. “Nossas filhas foram planejadas, então montamos uma estrutura de trabalho, dava para trabalhar e cuidar delas. Sempre cuidei e, em certo momento, elas passaram a ir junto na roça. A gente tenta passar conhecimento, porque não sabemos como será o amanhã. Se não conseguem um trabalho fora, já sabem fazer alguma coisa aqui”, analisa Lina.
 

Para ela, embora o Dia da Mulher represente uma data diferente, ela acredita que todo dia é importante para a mulher. “O Dia da Mulher é um dia especial, mas acho que para a mulher que faz as escolhas certas todos os dias são o dia dela”. Mais ainda para aquelas que não ficam paradas. “Acho que a mulher está mais presente na sociedade, e depende de cada uma buscar conhecimento e se aprimorar no que quer. Não dá para depender só de políticas que incluam a mulher, tem que partir da mulher também procurar o que é melhor pra ela”, aconselha.
 

“Me sinto realizada porque a gente tem vontade de lutar”
 

Essa mesma busca pela autonomia da mulher é uma resolução que acompanha a colaboradora Ivanete Fátima Spadini, 60. Do setor de limpeza da cooperativa, ela está há 26 anos na casa – e, por isso, testemunha do aumento da presença feminina em todos os setores da empresa. “Uma vez era mais na produção, quando o serviço era manual. Hoje, elas estão em toda parte”, repara.
 

Essa presença cada vez mais potente traz grande significado para o Dia da Mulher que, para ela, ganha importância porque traz à tona virtudes que, por vezes, passam despercebidas ao longo do ano. “É um dia bem especial, porque as mulheres têm muitas qualidades, são trabalhadoras, vencedoras, organizadas, não são mais dependentes. Elas se viram e são guerreiras, se viram com os filhos, com a casa, com o trabalho”, ressalta.
 

Ivanete se enxerga nesse contexto. Divorciada, mãe e avó, ela precisou batalhar para conciliar o trabalho e o cuidado com a família. “Era bem complicado. Tinha que trabalhar, e minha mãe ajudou bastante, especialmente com a mais velha (Fernanda, hoje com 41), quando estava morando em São Sebastião do Caí. O Eduardo (hoje com 29) eu já estava em Garibaldi, e a minha filha veio para cá para ajudar na criação. Trabalhei à noite, na época em outra empresa, para poder ficar com ele durante o dia”, relembra.
 

Nos últimos cinco anos, a vida de Ivanete também precisou ser alterada para cuidar da mãe. Em casa, ela transformou a sala para acomodá-la melhor numa cama hospitalar, após a mãe fraturar o fêmur. Hoje, após o luto de sua partida, ela pensa como a mulher também é resiliente. “Por muitas vezes pensei em sair do emprego, sempre com o coração na mão, mas a cooperativa também me ajudou nesse momento”.
 

Assim como as dificuldades fazem parte da vida dela, as alegrias também. Nestes 26 anos, ela viu a empresa retomar sua grandeza e ganhou os netos, Felipe, 12, e Téo, cinco. “Eu me sinto realizada porque a gente tem vontade de lutar, de dar a volta por cima, de levar as coisas para casa, de ver tua família bem, de ver tua empresa melhorando cada vez mais. Me dou muito bem com meus filhos e meus netos são tudo para mim”, constata.
 

Com tanto tempo de casa, Ivanete acabou se transformando em uma “mãezona” na empresa. Mas muito disso está associado também ao seu jeito de ser. “Quando eu vejo se alguém gosta de alguma coisa, eu procuro fazer o melhor, gosto de ver todo mundo bem, me faz bem fazer o bem”, diz.

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