Pensando Bem: Não somos ilhas
Acompanhe todas as segundas-feiras os comentários de Frei Aldo Colombo
Num fim de tarde, espiando por um buraco na parede, um rato vê um fazendeiro abrindo um pacote. Pensou que fosse algum tipo de alimento. Ficou aterrorizado ao descobrir que era uma ratoeira. Correu ao pátio, advertindo a todos: há uma ratoeira na casa!
O anúncio não impressionou os animais, uma galinha, um cabrito e uma vaca. A galinha observou ao rato: trata-se de um problema seu, que a mim não preocupa. O cabrito declarou: lamento muito, amigo rato, mas nada posso fazer. A vaca continuou a pastar com toda a tranquilidade, fingindo não ter ouvido.
Desconsolado, o rato escondeu-se em sua toca, planejando o que poderia fazer. Naquela noite ouviu-se um barulho e a ratoeira fez sua primeira vítima: uma cascavel, presa pelo rabo. No escuro, a dona de casa foi investigar e acabou picada pela cobra. Logo manifestou-se uma febre muito forte. E para a febre, nada melhor que uma canja de galinha. A febre não a deixou e vieram parentes e amigos para visita-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o cabrito. A doença continuou e a mulher acabou morrendo e muita gente apareceu para os funerais. Para dar de comer a toda aquela gente, o fazendeiro sacrificou a vaca.
O individualismo é uma das grandes doenças de hoje. Cada um por si e Deus para todos, tentamos justificar. Outros vão além e apostam numa concorrência total. Par subir, pisam sobre os demais… Os resultados são funestos. A injustiça praticada contra um, afeta a todos.
O dramaturgo Bertold Brecht fala da omissão no tempo no Nazismo: “ primeiro vieram prender os judeus; não dei importância porque não sou judeu. Depois vieram prender os comunistas, mas eu não sou marxista. Depois pegaram os padres, eu sou ateu... Quando vieram me prender não havia ninguém para me defender”
Homem algum é uma ilha, lembra o poeta John Danne:” Nenhum homem é uma ilha isolada. Cada homem é uma partícula do continente. Se um grão de areia cai no mar, a Europa fica menor. A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E, por isso, não perguntes por quem os sinos dobram: eles dobram por ti”.
Quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre riscos.
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