Programa Psicologia e Você fala das festas de Natal e Ano Novo
Psicóloga Rukaia Aresi Hasan convida você a fazer uma reflexão
Então, amanhã é Natal! Há pessoas que gostam, e outras nem tanto assim dessa época festiva do ano... mas no programa de hoje, que tal fazermos algumas reflexões sobre um pouquinho deste percorrido histórico dos significados da árvore e sentidos do natal?
E o texto é da Angelita Scardua. Bom, se parássemos um só minuto e prestássemos atenção à inevitável passagem do tempo veríamos que independentemente da nossa vontade as cidades se transformam, as árvores dão lugar a prédios e ruas, os amigos se mudam, as crianças crescem, nós envelhecemos, e a vida segue seu curso.
A vida se renova, mas às vezes esquecemos disso. Desde os tempos muito remotos nossos antepassados celebravam a dinâmica da vida comemorando a alternância do tempo. À semeadura e à colheita, à sobrevivência, enfim, se associava a mudança das estações. A essência da vida humana dependia no passado, como hoje, do uso dos sentidos: as ferramentas que utilizamos para mapear o mundo e fazer escolhas.
Naquela época, naquele mundo guiado inteiramente pelos sentidos, um elemento tornou-se símbolo da passagem das estações: a árvore! A árvore sempre foi um símbolo de fertilidade, um sinalizador desse fluir temporal, perfeitamente ajustado ao ritmo cíclico da natureza. Com sua capacidade de sobreviver à alternância das estações, ao frio ou ao calor, perdendo folhas, renovando-se, florescendo e dando frutos ciclicamente, a árvore se adapta e oferece à humanidade recursos de sobrevivência em todas as épocas.
É daí que vem a associação simbólica entre a árvore e o ciclo vital. A tamareira, por exemplo, era considerada a árvore da vida pelos egípcios, que a enfeitavam com doces e frutas para as crianças. Na China o pinheiro simboliza a longa vida, e no Japão a imortalidade. Na Antiga Grécia, as árvores eram utilizadas para reverenciar os deuses. Tanto na mitologia grega quanto na religião judaica, e também na tradição budista, as árvores representam as possibilidades de evolução e elevação do homem, e são consideradas intermediárias entre o céu e a terra.
Na Roma Antiga as pessoas penduravam máscaras de Dionísio (o deus do vinho) em pinheiros para comemorar a “Saturnália”. Os romanos acreditavam que as divindades do mundo subterrâneo saíam em cortejo por todo o período invernal, quando a terra repousava e era incultivável por causa das condições atmosféricas. Durante a “Saturnália”, acreditavam eles, tais divindades poderiam ser aplacadas com a oferta de presentes e de festas em sua honra. Dessa forma, elas retornariam ao além, onde favoreceriam as colheitas da próxima estação. O frio também ajudou a construir o simbolismo de outra árvore no imaginário humano: o carvalho. Ele foi, em muitos casos, considerado a mais poderosa das árvores.
No inverno, quando suas folhas caíam, os povos pré-cristãos do ocidente europeu, especialmente os germânicos, costumavam colocar diferentes enfeites nessa árvore para atrair o espírito da natureza. Dentre esses enfeites haviam pequenos archotes de fogo, já que a luz – a vida – poderia espantar a escuridão – a morte – representada pelos meses de frio e sem sol. Nossa árvore de Natal não é diferente. Para os recém-convertidos cristãos da velha Europa o pinheiro sinalizava a capacidade da natureza de resistir às intempéries, a força desafiadora da vida frente às dificuldades da existência. No auge do inverno, sob a neve, o pinheiro é a única árvore que se mantém verde. É por isso que escolheram o pinheiro para celebrar o nascimento daquele que os seguidores de Cristo consideram a renovação da vida e a luz do mundo.
Pense sobre todas essas coisas quando celebrar o seu Natal. Pense que, mesmo as religiões e os povos sendo diferentes, toda a humanidade ao longo de sua história buscou ardentemente cultuar a plenitude da existência, aceitando suas alternâncias e procurando entender o significado do fluxo temporal que nos ensina a mover-se e a fluir com a vida. Talvez, por isso, quando corremos demais nos esquecemos de viver.
A pressa embota os sentidos, nos impede de aproveitar os estímulos do ambiente adequadamente, sobrecarrega nosso cérebro e mente com informações desnecessárias. Em nossa época, em muitos momentos, corremos o risco de nos automatizarmos, de nos assemelharmos às máquinas, fazendo e cumprindo tarefas sem verdadeiramente atribuirlhes um significado emocional. Situações como as que tipicamente ocorrem no fim de ano – encontros sociais obrigatórios, comida e bebida em exagero, compras compulsórias, enfim – tudo isso imprime um ritmo acelerado à vida. E isso pode acabar nos cegando.
Nos cegando para o verdadeiro sentido de usufruir do que realmente importa na vida, de aproveitarmos e estarmos emocionalmente presentes em cada momento. Neste Natal, corra menos, diminua o ritmo, contemple! Seja você mesmo a árvore da sua vida, enraíze-se no solo daquilo que pode nutrir seu corpo e mente, aguce seus sentidos e utilize-os para fazer as escolhas que o ajudarão a sobreviver às intempéries. Procure, no seu dia-a-dia, por onde anda a luz da sua vida, ao encontrá-la, alimente-se dela para que ela te ilumine e aqueça nos dias de escuridão e frio. Renove-se! Seja Feliz! E tenha um Feliz Natal! Independentemente de sua crença política ou religiosa, aproveite os bons momentos da vida ao lado de quem você realmente ama! E até semana que vem, com mais um Programa Psicologia e Você.
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