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Pensando Bem: perdão sem limites

por Grasiela dos Reis

Acompanhe o programa de Frei Aldo Colombo

Foto: Divulgação

Uma lenda oriental fala de dois amigos empenhados numa difícil travessia à sua aldeia natal. Mustafá e Nagib percorreram milhares de quilômetros em áreas desertas ou montanhosas. Um guia nativo os acompanhava. Num determinado momento, os amigos discutiram e Mustafá golpeou no rosto o seu amigo. Não longe dali, Nagib escreveu na areia: “Aqui Mustafá golpeou o rosto seu amigo Nagib”

A viagem continuou e, em certa manhã, chegaram a um rio caudaloso e Nagib ia se afogando. Mais jovem, Mustafá, expondo sua vida, salvou a vida de Nagib. Agradecido, numa rocha em letras indeléveis escreveu: Neste local, Mustafá salvou a vida do seu amigo Nagib.

A diferença de atitudes surpreendeu o guia: quando foste agredido, escreveste na areia e agora fixas tua gratidão na eternidade da rocha? Nagib explicou: o benefício recebido ficará para sempre, enquanto as pequenas traições cotidianas devem ser sepultadas nas areias do esquecimento.

A vida é uma longa caminhada e não caminhamos sozinhos. A cumplicidade e o apoio são essenciais. Cada um carrega sua história, suas possibilidades e limitações. Os desencontros fazem parte da caminhada.

A vida é curta demais para ser gasta em queixas, amarguras, ressentimentos. Deixe o espaço para o amor. Deixe que as areias engulam as pequenas misérias de cada dia, mas escreve tua gratidão na rocha; ela ficará para sempre.

Em sua sabedoria , jamais superada, os Evangelhos apontam o caminho que deve nortear nossa vida. Trata-se da capacidade e necessidade de pedir perdão e perdoar. Trata-se da capacidade de refazer escolhas; trata-se da possibilidade de recomeçar a vida. Só o perdão pode zerar o mal, só o perdão tem a possibilidade de recuperar uma vida. O perdão nos torna humanos e divinos; nos torna um pouco parecidos com o Pai que que perdoa “setenta vezes sete vezes” ( Mt 18,21) Perdoar do jeito do Pai é perdoar até o imperdoável.

É o perdão que damos que fixa a misericórdia de Deus. No Pai Nosso propomos a Deus a medida do perdão: perdoai-nos assim como nós perdoamos. O perdão faz bem ao que é perdoado, mas faz bem maior ao que perdoa. O perdão nos faz passar da categoria de condenados para a situação de redimidos.

Frei Aldo Colombo

 

Acompanhe na íntegra em escute a notícia.

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