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Pensando Bem: devolver o ingresso a Deus

por Denise Furlanetto

Acompanhe o programa semanal de Frei Aldo Colombo

Foto: Divulgação

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O mundo vivia sua primeira manhã. O espaço vazio se povoou de luz e vida. A Criação, agradecida, organizou uma festa para Deus. Cada criatura trouxe o melhor que podia. Os esquilos trouxeram nozes crocantes, o reino vegetal escolheu perfumes, o reino vegetal trouxe rosas e maçãs. Das profundezas das águas vieram pérolas. Nem faltou a música dos ventos, o balançar dos ninhos e o mel das abelhas.

Chegando a vez do homem, apresentou-se de mãos vazias. Nada lhe pareceu digno do Criador. No último instante, com as mãos vazias, mas com o coração acelerado, disse três palavras maravilhosas: Eu te amo.

O poeta inglês, John Milton, a partir da primeira página da Bíblia, escreveu em 1672, o Paraíso Perdido. Narra o confronto entre Deus e Lúcifer. Este, derrotado, vinga-se contra a criatura feita à imagem e semelhança de Deus. Estamos muito próximos do Paraíso Perdido, mas também muito perto do contrário, o inferno. A linha divisória que separa o Inferno do Paraíso é o amor.

Um personagem do romancista russo, Fiodor Dostoievski, Ivan Karamasov, diante do problema de entender o drama do mal no mundo, tenta uma saída: “ Eu recuso este mundo e devolvo o ingresso a Deus”.

O mal nunca vem de Deus é fruto da liberdade humana, mal entendida e mal usada. O mal vem da recusa do homem em entender o amor de Deus. Se Dele procedesse o Mal, teria a marca do demônio. Deus só sabe, só pode, Deus só quer amar, afirma o teólogo Andrés Torres Queiruga. E esta afirmação parte da Bíblia. O homem não foi criado para servir a Deus, nem mesmo para dar glória a Deus. O amor não tem lógica, é pura gratuidade.

Deus não volta atrás em seu amor. Ele tem paciências infinitas com suas criaturas. Um dia, amanhã ou dentro de alguns milênios, o homem acabará por entender o amor de Deus. Neste dia, a própria natureza, afetada pelo pecado, recuperará sua inocência primitiva e a terra dos homens voltará ser o Jardim desejado por Deus. Cansado de guerras, de ódio, de violência e egoísmo, o homem se abandonará ao Amor. Neste dia serão abertas novamente as portas do Paraíso Perdido. O ingresso é o amor.

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