No programa semanal Pensando Bem desta segunda-feira, 12/11, o assunto abordado é: Quero ser feliz!

O inverno fora duro e parecia nunca mais ter fim. Impaciente e magro, um urso olhava para a paisagem desolada e o lago congelado. Ele precisava, de qualquer maneira, encontrar alimento. Uma lufada de vento trouxe ao urso um inegável cheiro de comida e ele partiu, imediatamente, em sua busca. Seu instinto lhe sugeria muita prudência. Acabou encontrando um acampamento de caçadores, providencialmente deserto. E lá, no meio de uma fogueira, um panelão cheio de comida. O urso enfiou a cabeça nas gostosas iguarias e, sem hesitar, abraçou panela.

Um calor insuportável começou a lhe queimar a boca, as patas e o peito. Era uma sensação que ele não conhecia, mas interpretou- a como algo que lhe queria roubar a comida. Continuou abocanhando a comida e apertou com força a panela, mas teve de rugir de dor. Quando mais rugia, mais apertava a panela. Uma hora depois, quando chegaram os caçadores viram um enorme urso encostado numa árvore, ainda agarrado à panela. Morrera em consequência das queimaduras. Mesmo morto, tinha a expressão de que ainda estava rugindo de dor.

Ser feliz é o desejo, mais que isso, uma obsessão que nos acompanha ao longo da vida. Todos os nossos atos têm uma direção única: a felicidade. Na realidade, nem sabemos o que é ser feliz. Algumas vezes abraçamos coisas que nos parecem sinalizar a felicidade. Imediatamente, ou com o passar do tempo, nos damos conta que isso não nos faz feliz. Pelo contrário, origina sofrimentos. Mas não queremos largar a panela. Seria suficiente desistir. Acabamos derrotados por algo que nos parecia trazer a felicidade.

Alguns erros justificam-se pela inexperiência juvenil. Com o passar dos anos seria lógico aperfeiçoar nosso juízo crítico. Não podemos abraçar apenas aquilo que nos faz feliz agora. Precisamos pensar no dia seguinte. As feridas podem nos levar ao desastre. Os erros são normais na vida de qualquer pessoa, o importante é aprender com eles.

É sempre tempo de recomeçar, de fazer a contabilidade entre o custo e o benefício. E se algo não nos favorece, tenhamos a lucidez que o urso não teve: largue a panela. Reflita um instante e descobrirá que esta panela tem nome.

Frei Aldo Colombo

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