Pensando Bem: crescer para baixo
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Existe, na China, uma qualidade de bambu que chega a alcançar 25 metros de altura. Apesar de sua altura, é capaz de curvar-se até o chão diante e um vendaval. Passada a tempestade , volta à sua posição inicial. Seu começo é muito humilde. Plantado o bulbo, nada se vê pelo espaço de cinco anos, exceto o lento crescimento de um pequeno broto, à raiz da terra.
Durante quase dois mil dias, seu crescimento é apenas subterrâneo. Ele cresce para baixo e vai tecendo uma fibrosa estrutura de raiz, que se estende para baixo e para os lados. Depois de cinco anos, inicia o crescimento para o alto.
As coisas mais importantes da vida assemelham-se ao bambu chinês. É necessário trabalhar no silêncio, investir, criar uma estrutura sólida. E para isso são necessários meses e anos. Depois virá o quinto ano, o tempo das realizações, das hastes vigorosas e altivas, buscando seu lugar na floresta. Ele estará preparado para os inevitáveis vendavais. Porque suas raízes são firmes, será possível resistir.
Crescer para baixo é o segredo da educação. São anos , aparentemente perdidos, mas essenciais para o futuro. Nem todos aceitam perder este precioso tempo e investimento. Têm pressa e por isso atropelam as etapas. Uma aboboreira surge, cresce e produz frutos em apenas alguns meses. Mas um cedro leva cinquenta anos para se tornar adulto. O mesmo fenômeno percebe-se na vida animal, quanto mais curta a infância, menor o tempo útil de vida.
É significativo que Jesus tenha passado cerca de trinta anos no anonimato, sendo visto apenas com o filho de José. “ Ele crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e diante dos homens” ( Lc 2,52) O crescimento para baixo acontece também ao longo da vida de Jesus. Ele passava horas e noites em oração.
Em toda a nossa vida aplica-se a sabedoria do bambu chinês. As raízes, símbolo da interioridade, são essenciais na qualidade e durabilidade de qualquer obra. São elas que garantem a fibra para desafiar os ventos das contrariedades. Vale para a formação individual, vale para a educação dos filhos vale para a preparação ao casamento, vale para toda a ação pastoral. É necessário antes criar raízes, depois surgirão as asas.
Frei Aldo Colombo
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