Confira o programa Pensando Bem desta segunda-feira, 02/10, com Frei Aldo Colombo:

"Depois de um namoro de seis anos, a fotógrafa ínglesa Grace Gelder, 31 anos, resolveu partir para o casamento. Vestido branco, aliança, recepção, música, tudo foi providenciado em tempo. Nem faltou o buquê da noiva. Uma cerimonialista encarregou-se do desenrolar do evento. Cinqüenta convidados compareceram à uma requintada recepção num castelo em Devon, na Inglaterra.

A única aliança foi colocada na mão esquerda da noiva e o tradicional beijo de casados foi dado num espelho. Na realidade, a noiva britânica havia casado consigo mesma Não fiz isso porque ninguém tinha me pedido em casamento. Foi uma forma de celebrar a relação que eu já tinha comigo mesma, disse Graça à BBC.

Em que pese o inusitado do gesto, fatos parecidos acontecem na vida real, em toda a parte: pessoas que casam consigo mesmas. O outro, a outra, não tem a menor importância. Há casais que continuam juntos, mas cada um é casado consigo mesmo. Após uma separação, uma marido admitiu: a mulher faz muitas coisas no lar, mas o que mais sinto foi perder a empregada.. Já uma mulher admitiu que continuava junto ao marido por caso do seu talão de cheques.

Uma lenda da antiguidade grega, narrada pro Ovídio, conta a história de Narciso, filho da ninfa Liriope, que se encantou por si mesmo. Uma dia viu a própria figura espelhada na água e acabou morrendo, vitimado por paixão a si mesmo.

O narcisismo é uma das marcas de nosso tempo: uma forma doentia de auto-admiração. Os outros não existem, ele - ou ela - é referência para tudo. Não precisa dos outros. O narcisista se basta a si mesmo.

O Sacramento do Matrimônio não é feito para narcisistas. Amar não é querer ser feliz, mas fazer feliz o outro. Casar é construir um projeto único; é fazer de duas vidas uma só vida. Casar é assumir o compromisso de cuidar um do outro. É zelar para que o coração da pessoa amada não seja invadido por ninguém. Casar é apostar todas as fichas no amor que transforma.

Duas realidades garantem a perenidade da união conjugal: a capacidade de verbalizar os sentimentos e a consciência da presença de Deus que é amor. A palavra, tão prodiga no namoro, precisa continuar depois. Ela tem valor medicinal, pode curar todas as feridas. O Sacramento do Matrimônio é arquitetura humana e divina. Só Deus garante o projeto a dois, um projeto construído sobre a rocha.( Mt.7,24)

De resto, casamento não é um. dia, uma festa. É uma vida. O objetivo não é caminhar para a sonhada felicidade. Ela não está no meio ou no fim do caminho Felicidade é um modo de caminhar". 

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