Morreu, na tarde de segunda-feira, dia 27 de agosto, o tradicionalista Paixão Côrtes. Ele tinha 91 anos. Seu corpo está sendo velado no salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini, em Porto Alegre. O governo do Estado, a prefeitura de Porto Alegre e o MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcha decretaram luto oficial por três dias e as bandeiras ficarão em meio mastro.

Nascido em Santana do Livramento, na Fronteira, João Carlos D´Ávila Paixão Côrtes era engenheiro-agrônomo, mas destacou-se como folclorista e pesquisador da cultura gaúcha. Em 1947, liderou os estudantes do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, na formação de um Departamento de Tradições Gaúchas, ligado ao grêmio estudantil, um núcleo que disparou, logo em seguida, um processo que revolucionou a forma com que o gaúcho enxerga suas raízes.

Dedicou-se ao lado de Luiz Carlos Barbosa Lessa e Glauco Saraiva, a um processo de resgate e compilação de diferentes aspectos da cultura do Rio Grande, que estavam, então, dispersos e, em vários casos, corriam risco de desaparecer. Após longa pesquisa, os três formularam em 1948, o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Em seguida, surgiram os primeiros CTGs- Centros de Tradições Gaúchas.

A imagem dele se tornou ícone em 1954, quando serviu de modelo para a estátua do Laçador, esculpida por Antônio Caringi e considerada símbolo de Porto Alegre, Além disso, teve atuação destacada como compositor e radialista.

O capataz cultural do CTG Sentinela da Serra, Adir Flores, disse que teve a oportunidade junto com sua esposa Nair de fazer um curso de dança com Paixão Côrtes e sua esposa Marina, em 1999, em Caxias do Sul. Era um homem simples e preocupado com a manutenção da cultura gaúcha. Instruía os professores de dança gaúcha que se apresentassem a rigor, que cuidassem com a vestimenta de gaúcho, porque o professor é o espelho dos seus alunos. Adir lembra que no ano de 1981, quando da criação do CTG Sentinela da Serra de Garibaldi, o seu pai e fundador do CTG, Ercílio José Flores foi a Porto Alegre para adquirir o primeiro manual de danças gaúchas de autoria de Paixão Côrtes, como a do Pezinho, juntamente com os discos das músicas gaúchas. Este manual foi recebido pelos seus filhos e tradicionalistas do Sentinela da Serra com muito orgulho.

(acompanhe a fala de Adir em escute a notícia)