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Marau: Nossa Casa!

Miguel Debiasi

No dia 28 de fevereiro, Marau comemora 61 anos de emancipação. Com certeza uma data que orgulha a todos os marauenses, pois comemora-se uma história municipal construída com a participação de todos os cidadãos. Nesta história ninguém é alheio, mas sim protagonista do município emancipado. Além de abranger o direito de pertencer e usufruir dos benefícios municipais, o cuidado com Marau - nossa casa -, é um dever dos cidadãos.

Desde a Antiguidade, o homem sempre buscou viver em cidades, e uma decorrência disso é a necessidade de uma atuação participativa do cidadão. Nesta relação cidade e cidadão há mútua pertença e colaboração. A cidade dá identificação ao seu cidadão. E o cidadão, com sua participação, engrandece a cidade. É imprescindível a relação de mútua colaboração. Equivale a um permanente construir a identidade um do outro, e a identidade de ambos resultaria da unidade, cuja condição persegue toda história da cidade e dos cidadãos.

Sendo essa uma condição para a existência da cidade e do cidadão, parece lógico que todo o movimento das partes tem a garantia de um critério de convergência. Portanto, não cabe ruptura com uma das partes. Desta natureza, todo trabalho municipal está a serviço de seus cidadãos. E o movimento do cidadão deve estar tutelado na regra dos bons princípios morais, éticos e cívicos. Tanto para a cidade como para o cidadão cada um é um bem inestimável para o outro e exige pertença e mútua identificação. Aliás, este processo histórico de cumplicidade vem desde sua origem, da cidadania da Grécia Antiga, Romana, da Idade Média, Moderna, Contemporânea, e certamente assim continuará no futuro.

O filósofo grego Platão, em sua obra República, entende ser a cidade a polis, local de viver bem. Este local é a comunidade organizada, que abrange todos os indivíduos, suas diferenças, suas atividades, aqueles que sacrificam o múltiplo em prol da unidade. Para esta unidade convergem todos os cidadãos. A primeira preocupação da comunidade organizada é a pertença do indivíduo. Para Platão, a cidade é o local onde o indivíduo justo pode viver sem medo de ser condenado ao exílio ou à morte. Portanto, a cidade é base para a civilização. É solo em que o homem nasce livre e igual ao outro.

Gratos pela pertença à cidade celebremos os 61 anos de Marau: nossa casa, local digno de se viver e de exercer relações de convivência com o outro.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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