Definido o reajuste dos assalariados rurais de Vacaria
O novo piso passa a valer a partir da próxima folha de pagamento
O encontro contou com a presença de lideranças do STR, representando os trabalhadores, Comissão de Trabalhadores Assalariados Rurais da entidade, além de representantes da FETAR-RS, e empregadores do setor da maçã. Depois de três encontros sem acordo, lideranças chegam a um consenso sobre o novo piso salarial para o trabalhador rural, de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho – CCT.
Sérgio Poletto, presidente do STR de Vacaria e Muitos Capões afirma que por dias vem se tentando uma negociação saudável com ambas as partes: “Hoje saiu a fumaça branca. Encerramos as reuniões com o acerto entre a comissão que foi escolhida em assembleia. Claro que talvez não seja o piso a contento dos nossos assalariados e assalariadas aqui de Vacaria e Muitos Capões, mas oferecemos toda a assistência nessas três negociações, toda nossa dedicação e empenho pra conseguir um resultado melhor.
Poletto destaca que “dentro de toda essa conjuntura nacional política, e principalmente essa crise em que estamos passando, a avaliação que a gente faz é positiva, 10% tanto para o piso e 10% para a categoria como reposição, nós entendemos que é uma das categorias hoje que teve um reajuste maior na nossa região conforme observadas com outras categorias”. O presidente avalia que a negociação foi satisfatória e espera que os empregadores cumpram, não só a cláusula que fala do piso da categoria reposição, mas todas as cláusulas que já é de praxe e que vem sendo negociado desde 1994. “Hoje a gente entende que se for olhar o piso do próprio IBGE, e DIEESE, que é o estudo que se tem sobre o piso, hoje seria essencial em torno de R$ 1.700,00 reais, e o nosso piso ficou em R$ 1.113,20. Então estamos longe ainda, para ter um salário que o trabalhador mereça. Quem sabe nos próximos anos a gente consiga buscar isso. É bom que se diga que não foi uma negociação fácil. Acho que ambas as partes vieram preparadas com índices, bases e números para que na hora da negociação tivesse argumentos pra isso. Então acredito que fizemos o máximo possível para poder fazer com que esse piso chegasse ao bolso do nosso trabalhador” – complementa Poletto.
Eliseu Boeno, representante da Associação Gaúcha de Produtores de Maçã, Agapomi, avalia: “Nós iniciamos no mês anterior essa negociação, fomos avançando passo a passo, e hoje, depois de tanta conversa, chegamos num número que não ficou muito satisfatório pra nenhuma parte, mas foi aonde conseguimos chegar, tivemos um número além do INPC que era de 9,49, conseguimos avançar além disso, pagando 10% de reajuste e 10% de reposição também. Não é tudo que eles estavam pleiteando, mas ficou acima do INPC. No piso estamos com R$ 1.113,20 que representa R$ 5,06/ hora, e a reposição pros que ganham acima do piso também ficou de 10%. E também tem o auxílio creche que foi registrado que de R$ 300,00 passou a R$ 350,00, o que acredito que ficou bom pra todos”.
Eloi Leon, representante da FETAR-RS, responsável pelas negociações das Convenções, acredita que ficou bom sim. “Essa é a terceira reunião que a gente faz a negociação, eu que acompanhei desde 1994, então já se vai vinte e poucos anos, e se sabe que nem sempre é uma reunião tranquila, mas desde a primeira reunião a gente vem aproximando os números e hoje se chegou a um entendimento. Claro que a gente gostaria que fosse um piso muito melhor, porque o trabalhador precisa. A média do piso no estado é de 11,02 % nas convenções. Já temos mais de 120 convenções negociadas no estado, e os pisos tem a média de R$ 1.125,00 reais, isso diante da media do piso do estado de R$ 1.103,00, então a gente conseguiu avançar. Esse ano um dos complicadores foi o índice do piso do estado que ficou abaixo do INPC. Mas acredito que foi uma boa negociação, e que diante de todo o contexto do país, consideramos uma boa negociação no estado”.
Gabriel Santos, Executivo da Fetar-RS comenta que diante das dificuldades que o país e o estado em geral vem vivendo, foi uma boa negociação: “Queríamos muito mais e entendemos que o assalariado não tem culpa da situação em que se vive o país hoje, porém avançamos como conseguimos, e chegamos a esse número com a comissão e empregadores que estavam aqui. Foi um valor razoável mas que foi o possível para a ocasião que estamos vivendo”. O salário atual dos Trabalhadores Rurais é de R$ 1.012,00 e essa decisão vai atingir 6.500 trabalhadores permanentes fora os safristas, que são os trabalhadores temporários, contratados no período de colheita da safra. O novo piso passa a valer a partir da próxima folha de pagamento.
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