Voto pelos meus (II)
A pedido dos leitores a coluna continua a reflexão sobre a votação do dia 17 de abril. O texto anterior abordou o surgimento do processo e os políticos envolvidos. Neste, trato de algumas interpretações do acontecido. Para isto, recorro à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que publicou duas cartas a respeito da crise política instalada em Brasília. Uma publicada anteriormente à abertura do processo na Câmara e outra lançada a 14 de abril, no encerramento do encontro dos bispos em Aparecida, SP.
Para adentrar na interpretação do acontecido, é preciso acessar o site da Câmara dos Deputados e verificar os projetos que foram aprovados no ano. É algo improdutivo. O relator do processo de impeachment, Jovair Arantes, deputado do PTB, apresentou 20 projetos, todos beneficiando seus patrocinadores. Mas, sob o processo de cassação da presidente Dilma, esconde interesses.
Primeiro, o fato é que o impeachment por não ter ato jurídico sustentável, torna-se falho e passa a ser golpe. A cassação está repleta de interesses políticos, econômicos, religiosos, globais, menos de estofo jurídico. Sem este último, o processo nasce duvidoso. Segundo, para maquiar essa verdade, a mídia estrebucha-se para provar o contrário. Para tanto, seus jornalistas carregados de ódio semeiam divisões e intolerâncias. Quanto a isto, não é de causar estranheza. A Rede Globo defendeu o golpe de 1964. A bem da verdade, para esta a luta do povo nunca será manchete do telejornal.
A terceira interpretação da votação pela cassação da presidente é que rejuvenesceu a política brasileira, sobretudo do caráter sexista e excludente. Aliás, os deputados inovaram nas expressões impróprias para o debate político. A votação do dia 17 serviu para revelar a face dos deputados que representam o povo brasileiro. Há de convir, atingiram a sabedoria de qualquer cidadão digno deste país. A quarta interpretação é referente ao combate da corrupção e dos corruptores. Nunca na história brasileira se investigou tanto este problema. Aqui é que se esconde a finalidade de cassar a presidente da República. Impedir que o Ministério Público e Polícia Federal avançassem nas investigações. Uma lista da Odebrecht aponta para mais de 200 deputados e senadores envolvidos em corrupção.
A quinta razão pela cassação é favorecer aos interesses de grupos nacionais, internacionais, privatizar a Petrobras, entregar o petróleo e o gás brasileiro, mudar as leis trabalhistas, reduzir os direitos dos trabalhadores, impedir que a esquerda ganhe as eleições presidenciais de 2018, atender o interesse da mídia, em especial do grupo Rede Globo, socorrer o neoliberalismo em falência, etc.
Leia na próxima coluna as repercussões do acontecido pelo mundo.
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