Você fala do que está em você
Você fala, você pensa, você sente o que está em você, então é sobre você que vamos falar. Sobre sua inteireza, sua essência, seus pedaços se encaixando, e não se refere a mais a ninguém, somente a você...
Ouvimos frequentemente a expressão: “Você fala do que seu coração está cheio”. Então mencionar o outro é dizer o que nos transborda, é relembrar desafetos que estão impressos em nós. É dizer o que nos sufoca, o que ficou muito tempo armazenado, escondido, não compreendido talvez...
Às vezes nos atrapalhamos na nossa própria ignorância, ofendemos ao outro dizendo coisas nossas, que estão dentro de nós, e nem nos damos conta de que ali ainda permanecem.
A fila das palavras sai invadindo consciências, num desalento para quem ouve e posterior para quem disse. A ignorância se sobrepõe a uma razão que não existe. Assuntos pendentes emergem de maneira não compreensível aos olhos, mas vem como um vulcão em erupção que precisa amenizar o internamente sentido.
Mas isso não acontece, a bagunça se torna maior, agora lambuzada pela dor do outro que também não entende aquelas palavras e não sabe até que ponto estão certas.
Vi nas lágrimas o ontem se fundir com o hoje à espera de um amanhã. Presente estava a busca de sentir inteireza, de ter cumplicidade, de estar próximo. Eram lágrimas de emoção e de verdade que buscavam em meio a tempestade ouvida, sentida uma direção...
Tinha claro que aquilo não era sobre mim e sim dizia respeito ao outro, principalmente sobre a vida que não conseguia compreender, sobre o universo indecifrável, sobre a fé que não tinha presente, sobre tudo que não conseguia ainda desvendar.
De qualquer maneira, precisamos entender que quando atingimos ao outro se torna fundamental olhar o quanto daquilo é nosso. Pois, falar com o outro do que não gostamos ou não concordamos, não precisa ofendê-lo.
Assim, as palavras que você menciona, é sobre o que está escondido dentro de você. Olhe-se, através de como enxerga o outro...
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