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Uma agenda ambiental sustentável

Miguel Debiasi

Há anos que os dirigentes dos países mais desenvolvidos se sentam ao redor de uma mesa para a negociação de uma agenda ambiental sustentável. O Brasil, pelos seus aspectos geográficos, pode assumir uma responsabilidade fundamental para a viabilidade de uma agenda ambiental sustentável. Para isso, será preciso habilidade política do governo e das organizações não governamentais do Brasil.

Para a aceitação de uma agenda ambiental sustentável é preciso rever os mais diversos meios de produção, porque esses precisam estar comprometidos com a causa. Sem a participação desses meios não será possível constituir uma consciência ambiental mundial sustentável e assumir suas consequências.  

A atual produção industrial tem como base: mineradoras, madeireiras, petrolíferas e metalúrgicas. Nesse setor, há as indústrias de bens intermediários, aquelas que produzem papel e celulose, produtos químicos, borracha, plásticos, componentes elétricos e eletrônicos. Há também as indústrias de bens de consumo duráveis, como automóveis, de móveis, de eletrodomésticos e eletrônicos.

Outro campo de produção é o setor da agricultura. Esse setor progrediu tanto em tecnologia que permite uma classificação, por exemplo: a agricultura moderna, a intensiva, a extensiva, a familiar, a patronal e a orgânica.

Parece-nos bastante lógico que todo modo de produção gera poluição e desequilíbrio ecológico, em maior ou menor escala. Grande parte desses modos de produção precisam recorrer aos combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o petróleo. O consumo de combustíveis fósseis é uma das atividades que mais emite gás poluente.

Estudos indicam que desde a Primeira Revolução Industrial (1760), houve um aumento de 35% da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Atualmente, considera-se que o uso de combustíveis fósseis é o responsável por 55% das emissões mundiais de gases de efeito estufa elevando o aquecimento global.

Aquecimento global é nome dado ao aumento anormal das temperaturas do Planeta Terra tomando como referência de medição os níveis pré-industriais. Esse aumento anormal é causado pela emissão de gases do efeito estufa (GEE), proveniente da atividade antrópica e das alterações que os seres humanos provocam no meio ambiente.

Com o aquecimento global tem-se muitas mudanças, como nos padrões do clima, no derretimento de geleiras, no aumento do nível dos oceanos e na perda de biodiversidade. Hoje, estima-se que o aquecimento global esteja na casa de 1,1 ºC mais quente do que no período pré-industrial.

As atividades mais responsáveis pelo aquecimento global são a industrial, a agropecuária e o desmatamento. O Brasil integra a lista de um dos maiores poluentes do mundo, contribuindo negativamente para o aquecimento global, o que faz com que o Brasil seja incluído nessa lista devido ao desmatamento, principalmente, e a atividade agropecuária.

Apesar das evidências do aquecimento global, existem muitos críticos que contestam essa realidade. Esses buscam negar os fatos e as provas científicas como esta, que a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) estima que a Terra estava 1,36 ºC mais no ano de 2023 do que a média do período pré-industrial.

Estudos comprovam que a maior parte do aquecimento aconteceu a partir da segunda metade da década de 1970. Que por sua vez, as temperaturas registradas nos últimos dez anos foram as mais altas já registradas desde o início das medições.

As consequências do aquecimento global são visíveis e comprovadas pela comunidade científica, como o derretimento das calotas polares, das geleiras, o aumento do nível dos oceanos, as chuvas volumosas e grandes inundações. Na lista das consequências estão o aquecimento das águas dos oceanos, a perda da biodiversidade, a extinção de espécies de animais e de plantas devido a não adaptação às novas condições climáticas impostas pelo aquecimento global.

O fenômeno do aquecimento global leva à diminuição das reservas de recursos naturais essenciais para a vida humana. Esse problema resulta na perda de lavouras, consequentemente, na menor produção de alimentos e na escassez de muitos produtos. É tão notória essa mudança, que ocasiona períodos de frio muito intenso, ondas de calor cada vez mais duradouras, intensificação do El Niño e da La Niña, muitas chuvas na mesma região e secas severas em outras. Fato é, que as previsões feitas no passado são confirmadas no presente.

O fenômeno do aquecimento global tem aumentado a preocupação da população mundial. Uma reação mundial, com a execução dos acordos do clima, é importante para os países na busca de soluções a fim de reverter essa situação. Os principais acordos referentes ao clima que versam sobre esse problema ambiental são o Protocolo de Kyoto (1997) e seu substituto, os acordos de Paris (2015).

O Brasil é listado como um dos maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo, ficando ao lado de países como os Estados Unidos, a China e o Japão.  Por outro lado, nos últimos dias, o Brasil tem sido visto como um importante porta-voz dos países emergentes, devido a sua postura diplomática e pela função do seu potencial ambiental, que o território brasileiro apresenta.

Segundo a presidente do Instituto Luísa Pinho Sartori, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Cristina Pinho, há a busca de uma transição energética no planeta. Entre as medidas do governo brasileiro estão o combate ao desmatamento, a descarbonização, o investimento na discussão do “Projeto do Amanhã” e na “Sociedade do Amanhã, com governos, órgãos públicos, ONGs e universidades, tudo isso, em prol da agenda ambiental mundial sustentável.

Obviamente, por um lado, a disposição de sentar ao redor de uma mesa e discutir a questão já é sinal de superação do negacionismo do aquecimento global. Por outro, propor uma agenda ambiental sustentável, é uma outra iniciativa, mesmo que essa ande em passos lentos, visto que seu ritmo depende da vontade dos governos e de toda a humanidade. Esse é o caminho a ser feito, ainda que seja moroso, mas no momento é o mais sábio e eficaz.    

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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