Reinvente os sentidos (I)
Até há pouco tempo tudo parecia estar sólido. Havia resposta para cada nova pergunta. Nada abalaria as estruturas da sociedade pensada à luz da razão. Com livre-arbítrio, o homem comemorava as conquistas, como a liberdade. A nova era, chamada modernidade, propõe-lhe gozar do seu tempo e a obediência a si mesmo. Com ela a sociedade chegava ao Jardim do Éden, lugar das delícias. Hoje, porém, crises de toda a natureza demonstram que a receita da razão é insuficiente. É preciso algo mais para dar sentido à liberdade, do contrário o homem deixará de ser o epicentro da história.
Em mudança de época, para uma sociedade subsistir como um corpo social dinâmico depende das relações objetivas, subjetivas e intersubjetivas de seus integrantes. Por consequência, todo momento histórico caracteriza um modelo de sociedade. Até poucas décadas passadas não se pensava em uma sociedade mundial globalizada. Por sua vez, este modelo de sociedade envolve um conjunto de fatores, não somente o fator economia, mas todas as relações e a própria cultura que sofre suas alterações. A vida em uma comunidade local também não diz respeito somente aos aspectos físicos, climáticos, geográficos, mas a toda uma cultura, tradição, economia, etc.
Então, a experiência de pertencer a um modelo de sociedade significa adaptar-se e transformar-se lentamente a um processo de padronização do pensamento e de práticas de valores, da moral. Notadamente, a atual sociedade tem mudado rapidamente sua característica, muito sob a tutela da inovação tecnológica e científica. Devido a isto, por um lado as pessoas pensam e agem movidas pelo acesso à última novidade da ciência. Por outro lado, isto significa mudança de cultura, relações e valores, novas perguntas e repostas. Na esteira da mudança, o perigo é satisfazer-se com as respostas baseadas em critérios efêmeros, mutantes, menos perenes.
Em tempo de rápidas mudanças de época, tudo pode virar fugaz, até mesmo as verdades e valores elementares da sociedade. Na superficialidade de respostas frente às grandes mudanças de época, a sociedade atual vive uma crise de sentidos. Pois a resposta tem como eixo base o ser humano, centro de tudo. Em virtude desta limitação, buscar novas respostas é oportunidade para rever conceitos, pensamentos, comportamentos. Ademais, pensar novos paradigmas desafia evocar sentidos muito além do mundo exterior, da satisfação imediata, pois há algo de transcendente na vida humana. No próximo artigo acompanhe a continuidade da reflexão.
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