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Filho do meio pode cair na invisibilidade...

Neusa Picolli Fante

Para Jane Nelsen¹ os filhos do meio geralmente se sentem esmagados, sem os privilégios do mais velho ou os benefícios do mais novo. Como não concordar? Sim, acredito como verdadeiro, até porque preciso me justificar enquanto filha do meio. Ressalto que me sinto feliz quando os filhos invisíveis lutam por um espaço. Me dei conta disso já madura, tamanha era minha acomodação ou cegueira sobre a situação.

Muitas vezes colocamo-nos como insignificantes no mundo, insignificantes nos grupos, achando que só a opinião do outro é válida, quando o cerne, o início de tudo é a invisibilidade que se criou na família. Nesse sentido a autora ressalta que os filhos do meio procuram ser diferentes para serem importantes, sendo que, essa diferença, pode tomar a forma de alto ou baixo desempenho, superfalante ou introspectivo, rebelde com causa ou simplesmente rebelde. Contemplando assim um misto de ambivalências onde cada um, enquanto filho do meio, precisa se observar e tirar suas próprias conclusões.

Como existe o bode expiatório, o reizinho, o zangado na família, também se descobre o invisível, encoberto com tamanha insignificância, cujo grito sufocado fica oculto, até que ele resolva mostrar para si mesmo, num primeiro momento, que também tem espaço e trava suas próprias lutas.

Para Jane, muitos filhos do meio tem uma grande dose de empatia em relação aos oprimidos, com os quais se identifica. E frequentemente eles são bons pacificadores.  Se você é filho do meio, se observe e sinta, se se encaixa nessas teorias e, principalmente, em como elas se sustentam em você.

Insensatos somos se acreditamos que não existem exceções às regras gerais. Se possuímos uma visão fragmentada que não nos permitimos enxergar além. Não vemos ambientes familiares diversos, educações diferentes e construções individuais mescladas por particularidades que refletem quem fomos e quem somos agora.  E, principalmente, nos aguça por tudo que clama pelo nosso entendimento.

Sabe se lá, se o invisível permanece assim por toda a vida, ou se um ímpeto de lucidez ou de raiva, o desacomoda e, a partir dali, começa a ser construído outro ser dentro do invisível.

 

 

 

 

¹  Jane Nelsen, autora do livro: Disciplina Positiva, para a presente crônica foi utilizado o capítulo  A importância da ordem de nascimento.  

Sobre o autor

Neusa Picolli Fante

Psicóloga Clínica e Especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto. Graduada em Comunicação Social.  Autora do livro Caminho dos Girassóis: Uma abordagem sobre o luto, Dor sem Escuta, Entrelinhas da Vida, Quintais da Minha alma.

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