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Crescer para o bem da vida comum

Miguel Debiasi

Crescemos em sabedoria e em estatura ouvindo provérbios de nossos genitores, como este sobre o dinheiro: “Dinheiro não traz felicidade”. Este pensamento tem iluminação bíblica: “É preferível um bom nome a muitas riquezas, e uma boa graça a prata e ouro” (Provérbios 22,1). Crescidos nos perguntamos: Será que dinheiro e felicidade andam separados?

A formação humana cristã busca desenvolver as melhores virtudes. Pela sabedoria bíblica podemos comparar o crescimento humano como uma árvore, tudo começa com uma semente lançada à terra que vai germinando, assim, como a Palavra de Deus quando é compreendida entra no coração, liberta e salva. No início tudo é frágil, os primeiros desafios são difíceis e há muito que se compreender na vida. Aos poucos a vida ganha raízes, mediante o conhecimento da natureza humana e do mistério de Deus. No percurso da vida vem as dificuldades desafiando o crescimento e a fé aprende a confiar mais na graça de Deus que nas forças humanas. Ao resistir às dificuldades sente que o crescimento é exigente processo, do qual, vem o resultado com bons frutos, uma pessoa madura comprometida na justiça, no projeto de Deus (Provérbios 13).

Este parece ser o caminho natural do ser humano que pela sua força intrínseca não há como fugir e desejar viver sempre como crianças recém-nascidas. O ensinamento bíblico diz que não podemos nos contentar apenas com o básico para a vida e para a fé, ou com o “leite” inicial (Hebreus 5,12). A árvore ou a vida precisa crescer, alcançar a maturidade e produzir o fruto, em contrário, permanece criança, adoece e morre. Ao predispor-se a fazer esse processo natural e espiritual de crescimento, o ser humano alcança as elevadas dimensões como da ética capaz de discernir o bem e o mal, de receber o alimento sólido para a vida que pode degustar dos supremos valores (Hebreus 5,13-14).

Há outro provérbio popular que diz: “É bom ter esperança, mas é ruim depender apenas dela”. No sentido bíblico original o provérbio reza assim: “A esperança que tarda deixa doente o coração; é árvore de vida o desejo que se realiza” (Provérbio 13,12). No mundo materialista e consumista que vivemos, parece-nos bastante razoável entender que o crescimento econômico é fator que influencia o crescimento e a felicidade dos cidadãos. E, por ter essa influência, não pode tardar por longas décadas matando a esperança dos cidadãos.

O governo ao promover o desenvolvimento da economia de forma que beneficie todos os cidadãos, estará promovendo um clima social de esperança, de satisfação e bem-estar coletivo. Os cidadãos felizes não são fruto do acaso, mas depende da elevação de todas as dimensões da vida. O crescimento da economia é apenas um dos fatores que influencia o desenvolvimento humano feliz. A felicidade humana também vem das condições sociais de transformar o dinheiro em meio que desenvolva o crescimento das capacidades das pessoas e de seus projetos de vida.

A economia de um país é um ingrediente dessa engrenagem em que todas as dimensões da vida humana precisam crescer e corresponder da melhor maneira colaborativa. O crescimento econômico favorece ao estado de felicidade quando acompanhado de um bom propósito humano e de responsabilidade social. Esta não é uma tarefa fácil no Brasil, país que possui uma das maiores taxas de desigualdade social do mundo, exige um conjunto de políticas públicas voltadas ao crescimento econômico integrado com as dimensões humanas, ecológicas, culturais e outras.

Na linguagem da economia quando fala-se em crescimento econômico refere-se a um conceito quantitativo que consiste no aumento da capacidade produtiva de um país e de uma nação. Em termos de resultado, o crescimento econômico diz diretamente a elevação no nível de atividade econômica e de todos os setores produtivos do país. O critério de medição do crescimento é o Produto Interno Bruto (PIB) calculado com base nos preços correntes considerando o ano que o produto foi produzido e comercializado. Na realidade é medido pelo consumo das famílias, investimento das empresas, gastos governamentais, exportações e importações, ou venda e compra de outros países.

No ano de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil chegou a um crescimento três vezes superior às projeções iniciais, alcançando 2,9%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga dados em que a economia nacional atingiu a marca de R$ 10,9 trilhões ao término do ano de 2023. Com esse crescimento econômico, o Brasil superou os países do Canadá e Rússia, passando da 11ª para 9ª economia mundial.

Resta-nos torcer que o crescimento econômico continue subindo e que venha para o bem de todos os cidadãos, como para ecologia, para o desenvolvimento sustentável, enfim, garantir elevada qualidade de vida. Que o entusiasmo vindo desse crescimento seja sinal de esperança para todos os cidadãos, sobretudo, daqueles que a tempo esperam dias mais felizes e de intenso júbilo, como os assalariados, desempregados, pobres e para aqueles que oferecem postos de trabalho.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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